Alcides Troller Pinto, vice-presidente de marketing e vendas da GVT (Divulgação/GVT)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2010 às 14h28.
São Paulo – Um ano após a entrada da francesa Vivendi no controle da operadora de telefonia e banda larga GVT, as duas empresas podem considerar que o negócio foi bem sucedido. A companhia brasileira cresce 34% em receita, amplia a área de atuação em ritmo superior ao planejado e começa a investir em novos segmentos. Em 2011, entrará no concorrido mercado de São Paulo e Rio de Janeiro e tirará do papel, enfim, os planos de entrar no segmento de TV por assinatura.
Os executivos da empresa cansaram de esperar a votação do Projeto de Lei 116 (antigo PL 29), que abriria espaço para a oferta de conteúdo de TV pelas redes de telefonia, e decidiram apostar em um modelo híbrido. A distribuição via banda larga será apenas de material sob demanda, como filmes e jogos, o que é permitido pela legislação atual. Já a programação linear será transmitida por satélite, por meio da tecnologia DTH. “Vamos fazer em TV por assinatura o que fizemos em telefonia e banda larga: oferecer serviços inovadores”, afirma Alcides Troller Pinto, vice-presidente de marketing e vendas da GVT.
A autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para a transmissão por satélite deve sair até o fim deste ano, segundo estimativa da companhia. Troller conta que o plano de negócios já está construído, e a companhia já tem estruturadas equipes de vendas, marketing, engenharia, compras e operações de campo prontas para o negócio de TV.
O total de investimentos da GVT até o fim de 2010 deve chegar a R$ 1,5 bilhão, superando em R$ 650 milhões a previsão feita no início do ano. “Conseguimos concretizar os planos originais para este ano, e a Vivendi se sentiu confortável em investir mais”. A previsão é que o serviço de TV por assinatura seja lançado entre o fim do primeiro e o início do segundo semestre de 2011.
Power Music Club
A estratégia no segmento de TV deve seguir os moldes do dos mais recente lançamento da empresa, o Power Music Club, um portal de músicas com conteúdo da Universal Music, também controlada pela Vivendi. O acesso completo ao site é exclusivo para clientes da GVT, que não precisam pagar nada pelo serviço. “É uma forma de diferenciar nossa banda larga, sem ficar apenas na competição de quem oferece a maior velocidade”, explica Troller.
Segundo o executivo, apenas nas duas primeiras semanas de lançamento do Power Music Club, o portal teve mais de 20 mil acessos únicos, número que estava projetado apenas para dezembro.
Expansão sem telefonia móvel
O lançamento do serviço de TV por assinatura deve coincidir com a entrada da GVT em São Paulo e Rio de Janeiro, uma das prioridades da empresa para o ano que vem. Hoje, a operadora atua nas duas cidades atendendo exclusivamente grandes empresas. O vice-presidente afirma que mais de 50% da receita da base de clientes corporativos vêm das duas cidades, o que indica um grande potencial de expansão nessas localidades. Somente para a capital paulista, o investimento inicial previsto é de R$ 408 milhões para o início das operações no segmento residencial. No Rio, o montante deve chegar a R$ 300 milhões.
Ao todo, a operadora, fundada em 2000, atende 95 municípios, nas regiões Sul, Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do país. O carro-chefe da empresa é o serviço de internet, cuja velocidade mínima recentemente foi ampliada para 5 Mbps. No fim de outubro, quando passou a atender Campinas e Piracicaba, no interior de São Paulo, cerca de 90% das pré-vendas foram de planos com banda larga e destes 95% de velocidades iguais ou superiores a 10 Mbps.
Já a telefonia móvel e a internet 3G não estão na lista de prioridades da GVT. “Por estarmos próximos, estamos acompanhando todos os movimentos relativos ao leilão da banda H, mas hoje a prioridades é fortalecer nosso negócio principal que é a telefonia e banda larga fixas”, diz Troller. “Operar telefonia móvel só vai fazer sentido se conseguirmos encaixar o negócio à oferta da GVT de modo que faça sentido aos clientes e aos controladores”.
Banda larga popular
Sobre o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), criado pelo governo federal com o objetivo de popularizar a internet de alta velocidade entre grupos mais carentes da população, Troller prefere não comentar. “Como ainda não há uma configuração final, não temos uma opinião mais conclusiva sobre o que pode trazer para a sociedade ou como vai impactar o setor”, diz.
Ele defende, entretanto, que a superação da barreira do megabit por segundo não tem mais volta. “Há três anos, os usuários compravam 150 kbps por R$ 49, mas o mundo da internet evolui muito rápido”, afirma. “Hoje, nossa pacote mais básico, custa R$ 49 e tem 5 Mbps. Em breve, velocidades abaixo de 1 Mbps não serão suficientes para as pessoas”.
O PNBL prevê planos com velocidade mínima de 512 Kbps. A operadora Oi deve lançar, ainda este ano, planos populares de 300 Kbps, 600 Kbps e 1 Mbps.