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Governo vai instalar 'fazendas' solares em lagos de hidrelétricas

A proposta, apurou o jornal 'O Estado de S. Paulo', é espalhar milhares de metros quadrados de boias com painéis solares sobre o espelho d’água das usinas

Hidrelétrica (Pixabay)

Hidrelétrica (Pixabay)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2015 às 05h42.

A crise hídrica e a necessidade de garantir o abastecimento de energia do País levaram o governo a buscar uma alternativa inédita para ampliar a capacidade de geração do setor elétrico. O Ministério de Minas e Energia (MME) trabalha em um plano para transformar os maiores reservatórios de hidrelétricas do País em grandes "fazendas" de painéis solares.

A proposta, apurou o jornal "O Estado de S. Paulo", é espalhar milhares de metros quadrados de boias com painéis solares sobre o espelho d’água das usinas. Já que as turbinas não podem entregar um grande volume de energia por causa da escassez de água, que o reforço na geração venha pela luz do sol, recurso que fica ainda mais intenso durante o período seco.

Cálculos já feitos por técnicos do ministério apontaram que o uso desses flutuadores solares sobre os reservatórios pode acrescentar ao parque nacional de energia até 15 mil megawatts (MW) de potência, volume superior à capacidade máxima que será entregue pelas Hidrelétricas de Belo Monte e Jirau, em construção na Amazônia.

O plano foi confirmado ao jornal pelo ministro do MME, Eduardo Braga. "Estamos com muita expectativa em relação a esse projeto. Se o experimento der certo, já temos todo o sistema pronto para escoar essa energia", disse.

Duas grandes barragens controladas por estatais da Eletrobras já foram escolhidas para estrear o plano. No Rio São Francisco, na Bahia, o alvo é o lago de Sobradinho, que é o maior do País em área alagada. No Amazonas, os painéis serão instalados na barragem de Balbina, hidrelétrica que gera pouquíssima energia por meio de suas turbinas, mas que também é dona de um dos maiores lagos artificiais do Brasil. A partir das represas dessas hidrelétricas, os painéis flutuantes serão conectados diretamente às subestações de energia das usinas, o que simplifica o processo e reduz custos.

Estatal

O gerenciamento dos painéis solares e a geração de energia será feito diretamente pela Chesf e Eletronorte, donas de Sobradinho e Balbina, respectivamente. A escolha por iniciar o plano nessas usinas deve-se não apenas pelo tamanho de suas represas, mas também pelo fato de serem controladas por estatais. Se o programa der certo, disse Braga, o governo pretende expandir a ideia para outras hidrelétricas, inclusive aquelas concedidas para concessionárias privadas.

Em Minas Gerais, um projeto do mesmo tipo começou a ser avaliado pela Votorantim, em parceria com o CSEM Brasil, centro de pesquisas que desenvolve tecnologias de painéis de energia solar. Segundo a Votorantim, a iniciativa ainda está em fase inicial e, por enquanto, não há definição sobre qual hidrelétrica da companhia seria usada para testar o projeto.

O plano do governo federal, disse o ministro Eduardo Braga, deve envolver a utilização de tecnologias internacionais. Duas alternativas são estudadas, umas delas representada por um sistema criado em parceria entre França e China. Outra opção considerada vem de uma proposta desenhada entre japoneses e alemães.

Ensolarado

Apesar de o Brasil ser um dos países mais ensolarados do mundo, a geração de energia através de painéis fotovoltaicos sempre foi tratada como um bicho estranho pelo setor elétrico. No fim do ano passado, porém, essa situação começou a mudar, quando um leilão de energia realizado pelo governo contratou, de uma só vez, 31 usinas solares. Foi a primeira vez que o governo comprou exclusivamente energia solar.

Das 31 plantas de geração de energia solar previstas para serem construídas nos próximos anos, 14 serão erguidas na Bahia. Ao todo, a capacidade total negociada no leilão foi de 1.048 MW. Neste ano, novos leilões de geração devem contratar mais projetos solares.

Estudos feitos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam que o uso pleno do potencial solar do País poderia gerar até 287 mil gigawatts-hora por ano somente no ambiente residencial. Isso equivale a mais de duas vezes o consumo residencial de energia contabilizado atualmente.

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