Polícia Militar faz abordagens na Zona Norte de São Paulo: o equipamento usa a frequência das ondas de telefonia pela qual os presos se comunicam (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 15 de fevereiro de 2013 às 17h07.
Brasília - Em meio à onda de violência que sacode São Paulo, o Ministério da Justiça incluiu no pacote de ajuda ao Estado uma maleta que significa a última palavra em bloqueio de telefones celulares usados por presos. Chamada GI-2, a maleta identifica cirurgicamente o número e o chip do aparelho e é vista como uma revolução no combate a organizações criminosas cujo comando parte de dentro dos presídios, como acontece com o PCC no sistema penitenciário paulista.
Testada recentemente no complexo penitenciário de Salvador, que tem 6 mil detentos, a maleta detectou a existência de 1,5 mil celulares em posse dos presos. Os aparelhos foram bloqueados e a seguir recolhidos. Nos dias seguintes, criminalidade geral na capital, inclusive os homicídios, teve redução média de 25%. O equipamento foi usado pela primeira vez em 2006 pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) no presídio federal de Catanduvas.
Para o diretor-geral do Depen, Augusto Rossini, o fato não é casual e confirma as análises de inteligência que apontam o uso de celulares em presídios como fator alimentador da violência. "Oferecemos ao governo paulista e, pela extrema eficiência do aparelho, temos certeza que a ajuda será aceita", afirmou ele. A maleta usa o princípio da Estação de Rádio Base (ERB) para identificar e bloquear todos os aparelhos celulares de uma área, com precisão, sem afetar os da vizinhança.
O equipamento usa a frequência das ondas de telefonia pela qual os presos se comunicam, mas não tem função de escuta, que se pode ser feita posteriormente com autorização judicial, explicou o diretor. Cada kit custa hoje R$ 1 milhão, mas o preço pode cair se houver um grande lote de encomendas. O Depen planeja expandir o uso a seguir para os presídios de todo o País.
O governo paulista ficou de dar resposta à oferta na segunda-feira (19), quando os governos federal e local iniciam uma série de ações conjuntas para conter a onda de violência que sacode o estado nos últimos meses. Rossini disse que a situação dos presídios, um dos fatores de violência, está sendo enfrentada pelo governo com um plano que visa zerar o déficit de vagas nas delegacias até 2014 e conter o crescimento da população carcerária nas penitenciárias estaduais.