Bandeira vermelha: a região de Xinjiang é a mais afetada pela vigilância chinesa (Rawpixel/Thinkstock)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 2 de julho de 2019 às 15h16.
São Paulo – Se você pretende viajar para a China em breve, pode ser melhor pensar duas vezes antes de levar seu smartphone. De acordo com uma investigação feita pelos jornais The Guardian, The New York Times e Süddeutsche Zeitung, oficiais que trabalham na imigração de turistas estão sendo acusados de instalar um aplicativo de vigilância nos aparelhos de quem chega ao país. Pior, tudo sem qualquer consentimento por parte do usuário.
De acordo com os relatos da imprensa internacional, a ação se dá na região de Xinjiang, no noroeste da China. Tido como uma antiga rota comercial entre o Oriente Médio, o território autônomo é uma preocupação para Pequim, já que que faz fronteira com países como Quirguistão, Afeganistão e Paquistão, além de outros cinco países. Quase todos com maioria muçulmana.
No caso, quem atravessa a fronteira entre o Quirguistão e a China é solicitado a entregar seus celulares e senhas de acesso para os oficiais. O aparelho só é devolvido após a instalação de um aplicativo chamado Fēng cǎi. O programa funciona como um espião e é capaz de roubar dados de e-mails, mensagens de texto e contatos. Depois de instalado, o usuário não é notificado e o aplicativo fica oculto no dispositivo, o que dificulta sua desinstalação.
A notícia, porém, pode ser menos preocupante para quem usa um iPhone. Isso porque, por ora, apenas celulares com o sistema operacional Android teriam sido afetados.
Para especialistas em segurança digital, o aplicativo está sendo usado para que as autoridades possam verificar a existência de conteúdo ligado a extremismo islâmico. Contudo, as buscas também se estendem a informações textos associados ao jejum do Ramadã e até para uma música e uma banda metal japonesa chamada de Unholy Grave.
É preciso lembrar que essa não é a primeira vez que o governo de Xi Jinping toma medidas mais rigorosas em relação às práticas de vigilância na região. Em fevereiro, a agência de notícias Reuters informou que a SenseNets Technology, empresa com sede em Shenzhen e que atua com reconhecimento facial. Na época, segundo a reportagem, mais de 2,5 milhões de pessoais já haviam sido monitoradas.