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Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2013 às 20h17.
Washington - O Google pediu permissão nesta terça-feira ao governo dos Estados Unidos para publicar os números dos dados de usuários que foram solicitados por razões de segurança nacional, enquanto ainda é uma incógnita tanto o paradeiro como o futuro de Edward Snowden, que revelou estas práticas à imprensa.
Em comunicado dirigido ao secretário de Justiça, Eric Holder, e ao diretor do FBI (polícia federal americana), Robert Müller, a empresa alega que, se publicar os números, ficaria provado que os dados aos quais teve acesso o governo americano são muito inferiores do que se imaginou após os recentes vazamentos.
"Pedimos que ajudem a tornar possível que o Google publique em nosso Relatório de Transparência os números totais de solicitações de segurança nacional - incluindo as revelações da Fisa (Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira) em termos da quantidade que recebemos e seu alcance", afirma a carta, assinada pelo chefe de assuntos legais da empresa, David Drummond.
O Google, assim como outras grandes empresas da internet, colaborou com o governo fornecendo dados privados de usuários da rede de maneira secreta, segundo revelou Snowden aos jornais "The Guardian" e "The Washington Post" na semana passada.
O jovem informático e ex-funcionário da CIA (agência de inteligência americana) e da Agência Nacional de Segurança (NSA) divulgou a existência de dois programas secretos de recopilação de dados telefônicos e digitais de milhões de usuários por parte do governo americano.
Snowden, que em princípio facilitou a informação sob condição de anonimato, reivindicou a autoria dos vazamentos no último domingo em um hotel de Hong Kong, do qual saiu na manhã de ontem, e desde então não há pistas sobre seu paradeiro.
Segundo vários meios de comunicação americanos, o governo prepara acusações contra o informático, de 29 anos, enquanto à investigação já aberta pelo Departamento de Justiça sobre o caso foi acrescentada outra paralela para avaliar as consequências dos vazamentos à segurança do país.
Lindsay Mills, namorada de Snowden, disse estar "à deriva e sem bússola" em suas últimas mensagens nas redes sociais.
"Meu mundo se abriu e fechou ao mesmo tempo. Deixando-me perdida e sem bússola. Por enquanto, só posso me sentir só", afirmou no último texto de seu blog pessoal, antes que fosse fechado hoje.
Em sua conta no Twitter, a jovem declarou ontem que "se encontra à deriva em um mar de caos" e se pergunta "se apagar ou não apagar, essa é a questão", justo um dia depois que seu namorado reconheceu publicamente sua responsabilidade nos vazamentos.
Lindsay, que mostra grande atividade nas redes sociais com vídeos e fotos, se identifica como dançarina e artista performática de 28 anos, e a imprensa americana assinala que se formou no Maryland Institute College of Art.
Em suas variadas contas sociais, Lindsay exibe várias fotos junto com Snowden, com quem aparentemente mantém uma relação desde 2009, e relata sua mudança ao Havaí, onde viviam juntos.
Por sua parte, a empresa contratista da NSA para a qual Snowden trabalhava, a Booz Allen Hamilton, informou hoje ter despedido o jovem por "violar a política e o código ético da empresa", e especificou que seu salário anual não era de US$ 200 mil, como havia sido informado, mas de US$ 122 mil.
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, se negou hoje a comentar a situação de Snowden, uma vez que o caso "se encontra sob investigação", mas também não quis respaldar as afirmações feitas mais cedo pelo legislador republicano John Boehner, que qualificou o informático como "traidor".
No entanto, Carney assegurou que o presidente Barack Obama está disposto a manter um debate aberto sobre como conduzir o equilíbrio entre a privacidade dos cidadãos e a segurança nacional, assunto que centra a polêmica.
A Casa Branca argumenta que os registros aos quais fez referência o informático estão respaldados por dois textos legislativos, o Ato Patriota e a própria Fisa, promovidas para lutar contra ameaças terroristas dentro e fora do país.
Em 2011 o presidente Barack Obama promulgou outra extensão do Ato Patriota, aprovada após os atentados de 2001, que autoriza a intromissão do governo nos registros que estão em mãos de terceiras partes, como contas bancárias, bibliotecas, agências de viagem, aluguéis de vídeos, telefones, dados médicos, de igrejas, sinagogas e mesquitas.
Enquanto alguns legisladores como o republicano Boehner apoiam essas leis, outros apresentaram hoje um projeto para que este tipo de atuações sobre os dados privados dos cidadãos sejam mais transparentes.
O projeto de lei, obra dos senadores Jeff Merkley (democrata pelo Oregon) e Mike Lee (republicano por Utah), procura desclassificar as opiniões jurídicas importantes do tribunal que se encarrega de aprovar, sob a Fisa, as solicitações para espionar estrangeiros suspeitos de terrorismo.
Por sua parte, a União de Liberdades Civis dos Estados Unidos (ACLU) denunciou hoje o governo Obama pela "vigilância em massa e sem precedentes de ligações telefônicas" dentro do país, já que, segundo a organização, "viola os direitos de liberdade de expressão, associação e privacidade dos americanos".
Paralelamente, uma coalizão de 86 organizações civis e da internet, entre elas Mozilla e a Fundação World Wide Web, lançaram hoje uma campanha online para pedir ao Congresso que divulgue todos os detalhes dos programas de espionagem.
Atualizado às 20:16