Segurança: Google não quer que aparelhos com Android fiquem vulneráveis a novas falhas de segurança por mais de 90 dias (rbulmahn/Reprodução)
Gustavo Gusmão
Publicado em 27 de outubro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 27 de outubro de 2018 às 05h55.
O Google parece querer dar um ponto final à demora nos updates do Android entre as fabricantes de smartphones que usam o sistema. Segundo um contrato confidencial obtido pelo site The Verge, a empresa passou a incluir cláusulas que obrigam as companhias a manter seus aparelhos atualizados por pelo menos dois anos.
Não significa que as fabricantes terão que necessariamente disponibilizar as novas versões do Android nos celulares. A obrigatoriedade proposta pelo contrato, segundo a reportagem, tem a ver com com os updates de segurança do sistema, que o Google disponibiliza mensalmente. É algo que David Kleidermacher, chefe de segurança do Android, chegou a comentar durante a conferência Google I/O mais para o começo deste ano, segundo o site 9to5Google.
A ideia é fazer com que as empresas disponibilizem pelo menos quatro dessas atualizações no primeiro ano do aparelho, seja ele um smartphone ou um tablet, no mercado. Para o segundo ano, a quantidade de updates não é estipulada, mas a ideia é que os dispositivos não fiquem mais de 90 dias sem receber correções de falhas de segurança já identificadas. Os termos são válidos para quaisquer modelos lançados depois de 31 de janeiro de 2018 e com mais de 100 mil unidades ativadas.
Essa obrigatoriedade deve ajudar a solucionar um dos maiores problemas do Android, que é a fragmentação do sistema. O Google tem conseguido identificar e corrigir falhas no SO de forma eficiente, mas as muitas modificações feitas por marcas e operadoras na plataforma dificultam a aplicação dos updates que resolvem as vulnerabilidades.
Isso provoca uma demora excessiva para disponibilizar atualizações — mesmo em casos de falhas mais graves. Usuários acabam, então, ficando com dispositivos abertos a ataques já bastante conhecidos por eventuais cibercriminosos.
O contrato com cláusulas de obrigatoriedade não é nem a primeira medida que o Google toma para resolver essa questão. No ano passado, a empresa anunciou o chamado Project Treble para acelerar a aplicação de atualizações no sistema operacional a partir do Android 8.
A iniciativa propôs dividir o Android em módulos, deixando uma parte do SO para as fabricantes de celulares e de processadores e outra para o Google. Essas partes funcionam de forma independente em relação às atualizações. Ou seja, correções de segurança podem ser aplicadas direto no aparelho, sem ter que depender das fabricantes.