Tecnologia

Google pressiona governo Trump contra divisão da empresa e cita segurança nacional

Gigante da tecnologia busca reverter decisão da Justiça que determinou monopólio ilegal em buscas online

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 5 de março de 2025 às 10h12.

Última atualização em 5 de março de 2025 às 11h52.

O Google tem feito lobby junto ao Departamento de Justiça do governo Donald Trump para tentar impedir a divisão da empresa, citando possíveis riscos à segurança nacional.

Representantes da Alphabet, controladora do Google, se reuniram com autoridades na semana passada para defender uma abordagem menos agressiva por parte do governo, em meio ao processo judicial que pode levar à reestruturação da companhia.

A ação, movida durante a gestão de Joe Biden, busca desmembrar partes do Google após um juiz federal considerar que a empresa mantém um monopólio ilegal nos mercados de buscas on-line e publicidade em buscas.

A Casa Branca de Biden havia proposto, em novembro, que o Google vendesse o navegador Chrome, além de adotar medidas como o fim de pagamentos bilionários a empresas como a Apple para manter seu mecanismo de busca como padrão.

Embora o Google já tenha se manifestado contra esse plano, as novas conversas com o governo Trump revelam a estratégia da companhia sob a nova administração. A decisão final sobre possíveis mudanças na estrutura da empresa será tomada nas próximas semanas por um juiz federal. Ambas as partes devem apresentar suas propostas finais nesta sexta-feira.

"Nos reunimos regularmente com reguladores, incluindo o Departamento de Justiça, para discutir esse caso", disse Peter Schottenfels, porta-voz do Google, em comunicado. "Como já dissemos publicamente, estamos preocupados que as propostas atuais prejudiquem a economia americana e a segurança nacional."

Google argumenta que mudanças ameaçam segurança dos EUA

Em agosto de 2023, um juiz federal determinou que o Google violou leis antitruste ao monopolizar o setor de buscas e publicidade digital. Desde então, o governo dos EUA tem estudado possíveis soluções, incluindo o desmembramento da empresa – a primeira tentativa desse tipo em Washington desde a fracassada ação contra a Microsoft há duas décadas.

Na reunião da semana passada, representantes do Google afirmaram que uma divisão da empresa poderia prejudicar a segurança nacional dos EUA, devido à sua importância para a infraestrutura digital do país. No entanto, segundo fontes, os executivos não apresentaram exemplos concretos de riscos causados pelas mudanças propostas pelo Departamento de Justiça.

Em novembro, o governo Biden solicitou que o Google fosse obrigado a vender o Chrome, licenciar seus dados para concorrentes e proibir pagamentos a empresas como a Apple para manter seu buscador como padrão. Também sugeriu restringir investimentos da empresa em inteligência artificial (IA), argumentando que sua dominância nesse setor poderia afetar a concorrência.

Os argumentos do Google sobre segurança nacional são semelhantes às declarações recentes de Trump e do vice-presidente JD Vance, que pressionaram reguladores da União Europeia para que afrouxassem a regulamentação sobre gigantes da tecnologia dos EUA. No mês passado, a Casa Branca criticou leis digitais europeias, como o Digital Markets Act e o Digital Services Act, afirmando que “a economia americana não será uma fonte de receita para países que falharam em cultivar seu próprio sucesso econômico.”

Em 2022, Google, Meta, Amazon e Apple se uniram contra um projeto de lei antitruste que exigiria maior abertura de suas plataformas para concorrentes. Elas argumentaram que tais mudanças poderiam enfraquecer a indústria americana e favorecer a China na corrida tecnológica global.

IA e decisões pendentes

A decisão final sobre as restrições ao Google será tomada por Omeed Assefi, procurador-geral assistente interino para Antitruste, ainda nesta semana. Ele está no cargo até a confirmação de Gail Slater, indicada por Trump, cujo nome já foi aprovado pelo Comitê Judiciário do Senado, mas ainda aguarda votação no plenário.

Entre os pontos que ainda estão sendo analisados pelo Departamento de Justiça, está a questão de como restringir os investimentos do Google em IA. Há um debate sobre se essas regras devem valer apenas para novas aquisições ou se a empresa será forçada a se desfazer de participações já existentes, como na startup Anthropic.

As audiências do caso estão programadas para abril e devem incluir o depoimento do CEO do Google, Sundar Pichai. Liz Reid, chefe de busca da empresa, também será interrogada nesta semana. Executivos da Microsoft, OpenAI e Perplexity AI já prestaram depoimento nos últimos dias.

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