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Google pode ter desistido de vez de ter um buscador na China

Sem operar oficialmente no país com um serviço de pesquisas desde 2010, a companhia americana tinha planos para retornar ao mercado chinês

Censura: projeto Dragonfly, do Google, atuaria de acordo com as normas chinesas (Aly Song/Reuters)

Censura: projeto Dragonfly, do Google, atuaria de acordo com as normas chinesas (Aly Song/Reuters)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 18 de julho de 2019 às 10h00.

São Paulo – O Google pode ter jogado a toalha em seu plano de ter um serviço de buscas na China. Segundo relatos da imprensa internacional, a companhia abandonou o projeto Dragonfly, que consistia no desenvolvimento de um buscador que respeitasse a censura imposta aos meios de comunicação do país.

A desistência de trabalhar com pesquisas na internet na China veio na quarta-feira (16) foi dada pelo vice-presidente de políticas públicas da companhia, Karan Bhatia, durante uma audiência nos Estados Unidos. "Nós terminamos o Projeto Dragonfly", afirmou.

Apesar de significar um fim, o fato não chega a ser tão surpreendente. Em maio, uma nota enviada pela companhia fundada por Larry Page e Sergey Brin ao site Buzzfeed News afirmava que “não havia planos de lançar um buscador na China” e que os membros que estavam trabalhando no buscador “mudaram para novos projetos”.

Diversos motivos podem ter contribuído para o fim do sonho do Google de retornar às buscas na China. Em agosto do ano passado, mais de 1,4 mil funcionários da companhia assinaram um abaixo-assinado solicitando o fim do projeto. Meses depois, em novembro, uma carta pública de engenheiros e outros empregados de alto escalão reforçou o apelo. A campanha fez com que a gigante de Mountain View encerrasse uma pesquisa de mercado em relação ao uso de seu serviço no mercado chinês.

Foi um golpe significativo nos negócios. Em janeiro de 2009, de acordo com o site de análise de tráfego irlandês Statcounter, o Google era responsável por 97,6% das buscas realizadas. O percentual caiu para cerca de 40% em 2010, quando a companhia anunciou os seus planos de mudar as operações para Hong Kong.

Sem o concorrente americano, o Baidu terminou o mês de junho deste ano como o líder do setor no país com 72,7% das buscas, enquanto os serviços Sogou e Shenma, que pertence ao Alibaba, são responsáveis por 18% e 8% das buscas realizadas por internautas na China, respectivamente.

Vale destacar ainda que, caso retornasse à China, o Google dominaria o mercado. De acordo com uma pesquisa da plataforma chinesa Weibo, realizada no ano passado, 72,8% dos entrevistados voltariam a usar a ferramenta de pesquisa americana em detrimento das alternativas chinesas.

Voltar a atuar na China poderia ajudar a companhia do buscador americano a reverter a desaceleração de seus negócios. Avaliada nesta quinta-feira (17) em quase 800 bilhões de dólares, a Alphabet, empresa-mãe do serviço de buscas, aumentou sua receita em 17% entre o primeiro trimestre de 2018 e o mesmo período de 2019, quando registrou cifras de 36,4 bilhões de dólares. A alta é menor do que a registrada no período anterior, de 28%.

O declínio se deve, entre outros fatores, as verbas obtidas com publicidade pela plataforma de anúncios digitais Google Ads. O crescimento entre o primeiro trimestre de 2019 e o mesmo período do ano passado foi de 15,3%, uma baixa considerável em relação ao aumento de 24,4% registrado nos primeiros três meses de 2018 contra os números do ano anterior.

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