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Google planeja levar internet à África com balões de altitude

O projeto da Loon no Quênia é baseado na tecnologia que foi usada em Porto Rico para conectar a população afetada pelo furacão Maria

 (Loon/Divulgação)

(Loon/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 20 de novembro de 2018 às 17h14.

Levar internet rápida e generalizada para as áreas rurais da África tem sido um problema para as empresas que tentaram -- e falharam -- com estratégias que variam de drones a satélites. Agora, uma empresa irmã do Google afirma ter a resposta: balões.

A Loon, que se separou do laboratório de inovação X, da gigante das pesquisas, em julho, se unirá à Telkom Kenya para construir uma rede de balões de grande altitude para conectar pessoas no país da África Oriental a partir do ano que vem. A recompensa da Alphabet, a controladora do Google, é a oportunidade de lucrar com publicidade e outros negócios relacionados ao fato de levar internet para mais países da África Subsaariana, onde centenas de milhões de pessoas não têm acesso à rede.

O projeto da Loon no Quênia é baseado na tecnologia que foi usada em Porto Rico para conectar temporariamente as pessoas quando o furacão Maria derrubou fontes de energia e o serviço telefônico no ano passado. No Quênia, a Loon afirma que vai começar com cerca de uma dúzia de balões -- o suficiente para cobrir aproximadamente 10 por cento do país -- e depois avaliará quantos ainda serão necessários. A Loon começou a trabalhar com a operadora para instalar estações terrestres em Nairóbi e em Nakuru, nas terras altas do oeste, que transmitirão sinais aos balões.

“Estamos transformando o que estivemos trabalhando nos últimos seis anos em uma operação comercial”, diz o CEO da Loon, Alastair Westgarth. “Provamos que podemos fazer isso em escala.”

Internet por balão

Os dirigíveis com forma de abóbora, quase tão grandes quanto uma cúpula inflável sobre uma quadra de tênis, chegam a uma altitude de 20 quilômetros, acima de aviões, pássaros e tempestades. Westgarth diz que cada um carrega “várias dezenas de quilos” de roteadores, relés, baterias, antenas e outros equipamentos eletrônicos e pode cobrir uma superfície de 5.000 quilômetros quadrados, ou 30 vezes a área de uma torre de telecomunicações.

Os sinais são enviados para os balões, que podem retransmiti-los para os dispositivos abaixo ou para outros balões. Os balões têm painéis solares para recarregar suas baterias e podem permanecer no ar por vários meses antes de serem baixados para manutenção. A Loon prefere não divulgar os custos, mas a empresa afirma que a tecnologia é muito mais barata do que construir linhas de transmissão e torres para chegar a áreas pouco povoadas em terrenos de acesso difícil.

A Loon se uniu a uma longa fila de projetos ambiciosos destinados a ajudar africanos carentes. Em junho, o Facebook abandonou um programa para construir drones do tamanho de um avião de passageiros para fornecer internet porque as regulamentações da aviação global e do espectro não suportam o sistema. O Facebook disse que vai trabalhar com parceiros como a Airbus em conectividade de alta altitude.

O Facebook, em 2016, teve que abandonar uma iniciativa para fornecer internet por satélites quando um foguete da SpaceX, que carregava o equipamento, explodiu na plataforma de lançamento, mas a empresa está trabalhando em outro programa de satélite. A própria SpaceX planeja lançar mais de 4.000 satélites de órbita baixa para construir uma rede global de banda larga -- uma iniciativa que custará bilhões de dólares. “O continente espera que a promessa de satélites de órbita terrestre baixa se concretize”, diz João Sousa, sócio da consultoria de tecnologia Delta Partners. “Se os balões tiverem sucesso apesar das baixas probabilidades, haveria uma mudança nas regras do jogo.”

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