Google: os negros e hispânicos representam apenas 5% da equipe (David Paul Morris/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2014 às 08h56.
São Paulo - O Google lança, nesta terça-feira, 3, uma campanha global para a Copa do Mundo promovendo a igualdade racial e o fim do preconceito a homossexuais no esporte.
A iniciativa ocorre uma semana depois de o Google divulgar um relatório que mostra que a maioria dos seus funcionários é homem e branca e admitir publicamente que tem um problema de desigualdade para resolver dentro da empresa.
"Essa campanha faz parte de uma grande iniciativa do Google de abraçar como causa a questão da diversidade e se posicionar contra os preconceitos por raça, gênero e a homofobia", disse o presidente do Google no Brasil, Fabio Coelho.
No último dia 29, o Google divulgou um relatório apontando que 70% dos seus 45 mil funcionários no mundo são homens. A presença das mulheres é menor ainda considerando apenas as aéreas de tecnologia (17%) e liderança (21%).
Os trabalhadores do Google são, em sua maioria, brancos (61%) ou asiáticos (30%), considerando apenas o escritório dos Estados Unidos.
Os negros e hispânicos representam apenas 5% da equipe. Não há dados sobre a divisão étnica dos cerca de 600 funcionários do Google no Brasil.
"O Google não está no lugar que nós gostaríamos quando olhamos a questão da diversidade e é difícil enfrentar esse desafio se você não estiver preparado para discutir isso abertamente", afirmou o vice-presidente sênior da área de recursos humanos do Google, Laszlo Bock, em publicação no blog corporativo que apresentou o diagnóstico sobre a equipe do Google.
Para o presidente do Google do Brasil, ao abrir seus números e admitir que tem um problema, a empresa dá um primeiro passo para se tornar mais inclusiva.
"O Google vai ser uma empresa melhor quando sua equipe refletir de forma mais fiel a diversidade que existe na população", disse Coelho.
A companhia não tem cotas para recrutar minorias, mas diz ter programas para fomentar o acesso à área de tecnologia dos grupos menos representados. Um exemplo é a criação de um programa que leva mulheres latinas à sede do Google no Vale do Silício para ter aulas de ciências da computação. Há iniciativas similares em universidades americanas com maior porcentual de alunos negros.
Para o consultor da empresa de recrutamento de executivos Exec, Rodrigo Foz Forte, a desigualdade racial e de gêneros nas empresas não é exclusividade do Google.
"A qualificação é o que mais pesa na hora de contratar. As empresas não costumam pedir para priorizar ou restringir raças ou gêneros específicos", explica.
Segundo ele, a desigualdade histórica de acesso a formação escolar de qualidade entre a população negra é um dos fatores que reduzem sua presença no alto escalão.
Campanha
O Google divulgará no YouTube um vídeo contra o preconceito no esporte. O filme traz depoimentos de atletas brasileiros, como Neymar e Marta; dos astros do basquete Kobe Bryant e John Amaechi; e do jogador de futebol americano Michael Sam, o primeiro da liga americana a se assumir gay.
No Brasil, o Google passou a defender publicamente os diretos dos homossexuais em 2012, quando divulgou um vídeo com depoimentos dos funcionários a favor do casamento gay.
A empresa participou oficialmente da Parada Gay em São Paulo nos últimos dois anos. "A polêmica existe e há algumas críticas. Mas resolvemos adotar a causa", diz Coelho.
Questionado sobre se isso não é uma estratégia de marketing, o presidente do Google nega. "Não é marketing. É uma crença corporativa." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.