Tecnologia

Google está preocupado com o impacto da inteligência artificial

Sundar Pichai, presidente da empresa americana, disse que o Google está disposto a ser um parceiro para ajudar a regular os impactos negativos da tecnologia

Reconhecimento facial em feira na China: pesquisadores da McAfee usaram imagens modificadas para enganar sistema de reconhecimento facial (Damir Sagolj/Reuters)

Reconhecimento facial em feira na China: pesquisadores da McAfee usaram imagens modificadas para enganar sistema de reconhecimento facial (Damir Sagolj/Reuters)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 20 de janeiro de 2020 às 06h31.

Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 11h58.

São Paulo – Sundar Pichai, presidente do Google e de sua empresa-mãe Alphabet, está preocupado com o impacto que a inteligência artificial terá na sociedade. Nesta segunda-feira, 20, o executivo falará sobre o desenvolvimento e uso responsável dessa tecnologia em um evento em Bruxelas, realizado pelo centro de pesquisas econômicas Bruegel.

Os negócios do Google são formados por um tripé de hardware, software e inteligência artificial, sendo este último a mais recente adição, em 2017. Portanto, a preocupação de Pichai não é sem motivo. A consultoria britânica PwC estima que a inteligência artificial tem potencial de contribuir com a economia global com 15,7 trilhões de dólares até 2030.

Desse número, 6,6 trilhões serão referentes ao aumento de produtividade, algo que impacta no número de pessoas necessárias para realizar diversos serviços. A consultoria avalia que mais de 300 setores de mercado serão impactados pelo desenvolvimento e adoção dessa tecnologia nos próximos dez anos.

Na visão de especialistas sobre o tema, um dos pontos cruciais para avaliar o desempenho de um sistema de inteligência artificial é a qualidade dos dados a partir dos quais ele é criado. Um exemplo disso foi o bot Tay, feito pela Microsoft. Ao receber muitas mensagens ofensivas interagindo com usuários no Twitter, ele se tornou agressivo e preconceituoso nas interações — o que disparou um alerta interno na Microsoft. A meta de empresas de tecnologia, como Google, Microsoft e IBM, é uma só: eliminar o viés dos dados e tornar a inteligência artificial isenta e justa.

O Google não fez nenhum experimento como o do bot da Microsoft, mas seus termos de serviço abrangem o uso de dados pessoais anonimizados para o desenvolvimento de novas funções para os produtos digitais. O aplicativo Google Fotos, por exemplo, ajudou a empresa a melhorar sua tecnologia de reconhecimento facial.

Pichai tem uma missão e tanto nas mãos com sua dupla função de presidente do Google e da Alphabet. Durante a era da ascensão da inteligência artificial no mundo, desde a predição do que será digitado no e-mail à automação de fábricas ou o uso de reconhecimento facial para identificar criminosos, o executivo substitui os fundadores do Google Sergey Brin e Larry Page, ao mesmo tempo em que eles detêm, juntos, 51% das ações com direito a voto da empresa.

A Alphabet possui outros negócios com potencial para o uso de inteligência artificial, como a Calico, uma empresa que tem a meta declarada de combater a velhice e desafiar a morte, ou a Nest Labs, de automação residencial. Em artigo no jornal Financial Times nesta segunda-feira, Pichai disse que o Google está disposto a ser “um prestativo e engajado parceiro” para ajudar reguladores mundo afora a lidar “com as inevitáveis tensões e pontos negativos” da inteligência artificial.

Resta saber o que exatamente significa ser responsável para o Google, uma empresa que tira grande parte da sua receita de publicidade segmentada a partir de dados pessoais de usuários.

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