Tecnologia

Google e Amazon querem coletar mais dados de alto-falantes inteligentes

Até dispositivos tão simples quanto lâmpadas permitem que empresas de tecnologia preencham lacunas sobre seus clientes e usem os dados para marketing

Mário Queiroz: VP global de produtos do Google apresentando o alto-falante inteligente Google Home (Reprodução/Getty Images)

Mário Queiroz: VP global de produtos do Google apresentando o alto-falante inteligente Google Home (Reprodução/Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 14h09.

Enquanto a Amazon e o Google trabalham para colocar seus alto-falantes inteligentes no centro da casa conectada à internet, as duas gigantes da tecnologia estão ampliando a quantidade de dados que coletam de clientes que usam seus softwares de voz para controlar outros dispositivos.

Há vários anos a Amazon e o Google coletam dados toda vez que alguém usa um alto-falante inteligente para acender a luz ou trancar uma porta. Agora, eles estão pedindo às fabricantes de aparelhos para casas inteligentes, como a Logitech e a Hunter Fan, que enviem um fluxo contínuo de informações.

Em outras palavras, depois que uma luminária for conectada à Alexa, a Amazon vai querer saber quando a luz está acesa ou apagada, mesmo se você não pediu à Alexa que ativasse ou desativasse o interruptor. Os televisores deverão informar o canal em que estão ligados. Fechaduras inteligentes deverão informar à empresa se a porta da frente da casa está trancada ou não.

Essa informação pode parecer banal em comparação com o software de geolocalização dos smartphones que acompanha a pessoa ou com a quantidade de dados pessoais que o Facebook absorve com base na sua atividade. Mas até dispositivos tão simples quanto lâmpadas podem permitir que as empresas de tecnologia preencham lacunas sobre seus clientes e usem os dados para fins de marketing. Tendo acumulado um cadastro digital de atividade em espaços públicos, dizem os críticos, agora as empresas de tecnologia estão empenhadas em estabelecer um contato dentro dos lares.

“Você pode aprender os comportamentos de uma casa com base em padrões”, diz Brad Russell, que rastreia produtos para casas inteligentes para a empresa de pesquisa Parks Associates. “Uma das coisas fundamentais é a ocupação. As empresas podem fazer muito com isso.”

Novo relacionamento

A Amazon e o Google dizem que coletam os dados para facilitar o gerenciamento dos eletrodomésticos. As atualizações automáticas de status reduzem o tempo necessário para processar comandos de voz e permitem que os hubs de casas inteligentes apresentem informações atualizadas em uma tela ou aplicativo de smartphone. Uma maior conscientização sobre o que está acontecendo também permite que eles sugiram proativamente usos úteis para seus assistentes de voz e desenvolvam novos.

Quando os alto-falantes inteligentes chegaram ao mercado, eles comandavam outros dispositivos da seguinte maneira. Depois de receber o comando “Alexa, acenda a luz”, o software perguntava aos servidores da fabricante de lâmpadas qual era o status atual da lâmpada. Após receber a confirmação de que o interruptor estava desligado, Alexa instruía a luz a acender.

Agora, em uma campanha que foi acelerada no ano passado, a Amazon e o Google estão recomendando -- e, em alguns casos, exigindo -- que os fabricantes de produtos para casas inteligentes ajustem seus códigos para reverter esse relacionamento. A lâmpada deve informar seu status ao hub o tempo todo.

“Fazer um compartilhamento excessivo de dados simplesmente por fazer um compartilhamento excessivo de dados provavelmente nunca é bom”, diz Ian Crowe, diretor sênior da Logitech International, fabricante de acessórios para computadores e eletrodomésticos. “Devemos ter um bom motivo para isso e os nossos usuários devem estar de acordo de que esse é um bom motivo” antes de compartilhar dados.

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