Tecnologia

Google deve lançar Street View na Alemanha sob vigilância

A empresa negocia solução com governo local para que o serviço de imagem 3D das cidades não invada a privacidade das pessoas

A câmera que a Google usa no Street View (AFP/Daniel Mihailescu)

A câmera que a Google usa no Street View (AFP/Daniel Mihailescu)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Berlim - A Google quer lançar antes do fim do ano seu serviço de navegação "Street View" na Alemanha, ainda que isto fira a sensibilidade dos alemães em termos de respeito à vida privada.

A gigante americana da internet anunciou nesta terça-feira que "até o final do ano adicionará as vinte maiores cidades alemães à lista dos 23 países onde o Street View funciona".

O programa de cartografia, lançado em 2007, fornece uma imagem panorâmica em 3D das ruas, permitindo que os usuários se locomovam virtualmente como se estivessem no local.

Seu lançamento desencadeou problemas jurídicos em inúmeros países. Nesta terça-feira, a polícia sul-coreana anunciou que iria fazer buscas nos escritórios da Google, suspeitando que a empresa havia violado a lei para alimentar seu banco de fotografias.

Mas em nenhum lugar o debate foi tão fervoroso quanto na Alemanha, onde o governo tenta impedir a publicação das fotos.

"A Alemanha tem uma experiência histórica muito especial de invasão de privacidade, com a dupla ditadura, nazista e depois comunista", explicou à AFP Falk Lüke, especialista de internet da associação de consumidores VBVZ.

Neste contexto, o anúncio unilateral da Google surpreendeu Johannes Caspar, encarregado da negociação do lançamento do Street View por toda a Alemanha, que tenta respeitar ao máximo a privacidade, mas sem poder realmente obrigar a Google a isto.

Caspar considerou nesta terça-feira que a Google "deixou passar sua chance de ganhar a confiança perdida" dos cidadãos alemães.

A gigante da internet disse, por sua vez, estar se esforçando.


A Alemanha é o único país do mundo onde a Google propõe aos indivíduos que se oponham à publicação de imagens de seus domicílios antes de o serviço entrar on-line, o que deve acontecer em novembro.

Durante as quatro semanas anteriores ao dia 15 de setembro, todos os locatários ou proprietários poderão pedir que suas residências desapareçam das imagens da Google. E, uma vez que o serviço comece a funcionar, ainda será possível retirar as imagens.

A Google utilizará na Alemanha um programa comum que faz as imagens ficarem distorcidas, deixando rostos e placas de carros irreconhecíveis.

A ministra alemã do Consumo, Ilse Aigner, foi uma das poucas pessoas a ficar satisfeita com o anúncio desta terça-feira: "Minhas exigências e o debate público foram eficazes", julgou.

Mas especialistas alemães da proteção da privacidade na internet continuam hesitantes.

Caspar critica as condições para impedir a publicação das fotos. Para ele, o anúncio ocorre muito cedo, sem contar que o período começou durante as férias de verão e que a Google se recusa criar uma linha telefônica de atendimento às pessoas que não têm internet.

Para Lüke, "inúmeros problemas só serão identificados uma vez que o programa comece a funcionar. Por exemplo, os rostos serão mais bem ocultos que na Grã-Bretanha, onde, na minha opinião, continuam identificáveis".

Diante de tanta desconfiança, a Google destaca que os alemães são os que mais utilizam seus programas, em comparação a outros países, com quase um milhão de cliques por dia.

"Este é o problema: ninguém quer ver sua casa na internet, mas todo mundo quer ver fotos dos lugares onde vão passar as férias", reconhece Lüke.

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