Inteligência artificial: a mensagem da conferência foi de otimismo (Oli Scarff/Getty Images)
EFE
Publicado em 24 de maio de 2017 às 15h00.
Última atualização em 26 de maio de 2017 às 19h22.
Wuzhen, China — Especialistas do Google, uma das empresas que mais aposta no desenvolvimento da inteligência artificial, debateram nesta quarta-feira, na China, sobre o futuro dessa tecnologia que fascina e aterroriza o ser humano.
Pesquisadores como o britânico Demis Hassabis, fundador do DeepMind, um dos principais laboratórios de inteligência artificial do Google, ou Jeff Dean, da subdivisão Google Brain, participam de um fórum inédito no país, dada a complicada relação da empresa com a China, que bloqueia seu popular motor de busca.
A mensagem da conferência foi de otimismo. A inteligência artificial, que agora está vivendo um grande impulso graças a companhias como Google, Apple, além de empresas chinesas como Baidu e Tencent, nos trará benefícios que ainda não imaginamos, não as ideias apocalípticas de robôs subjugando o homem.
"Novas curas de doenças serão obtidas mediante a habilidade de inteligência artificial para buscar novas propriedades médicas", previu o presidente do Google, Eric Schmidt, que destacou que o maior impacto da tecnologia nos próximos anos será na Medicina.
É um campo ideal para que os cérebros artificiais ajudem os humanos, indicou Schmidt, em uma das apresentações que uniram um conteúdo filosófico ao tecnológico, por tratar de explicar o que são fenômenos como a criatividade e a intuição, e como eles podem ser extrapolados em processadores de dados.
"Campos como a Química ou a Biologia são até hoje tão complicados e com tantos dados que nem mesmo o mais inteligente dos especialistas pode ler todos os estudos feitos. Uma inteligência artificial pode fazer isso, contribuindo com ideias enquanto o cientista descansa", explicou Schmidt.
Em resumo, o Google sonha com uma inteligência artificial "benigna", como as que Hollywood retratou em filmes como "A.I.: Inteligência Artificial" ou "O Homem Bicentenário". Em ambos, os robôs criados pelo homem chegam a ser, inclusive, capazes de amar.
A hipótese é oposta à visão de cientistas como o britânico Stephen Hawking, que chegou a prever que a inteligência artificial irá destruir a humanidade.
"É importante que a tecnologia seja desenvolvida de forma ética e responsável, para o benefício de todos", afirmou Hassabis, que lidera um dos principais projetos do Google no setor, o Alpha Go, rebatendo as previsões catastróficas.
O AlphaGo é uma tecnologia do Google para o jogo mental mais complexo da humanidade, o Go. Nesta semana, também em Wuzhen, o "robô" do Google desafiou e venceu o melhor jogador do mundo, Ke Jie, de apenas 19 anos, pela primeira vez.
Segundo Hassabis, o Go é só uma plataforma de lançamento para testar a inteligência artificial em um dos jogos que mais se exige da capacidade de cálculo mental - o número de movimentos possíveis supera o de átomos no universo.
Mas não basta apenas ser bom de cálculo. A intuição é uma das partes mais importantes do jogo, e o desafio é um teste para objetivos mais transcendentais da tecnologia no futuro.
Entre as possíveis aplicações que o sistema AlphaGo pode ter a médio prazo, Hassabis citou projetos de novos materiais, remédios ou até mesmo a educação. Ele ainda deixou de fora o mundo dos assistentes pessoas de smartphones, que já ganharam vida graças a softwares como a Siri, da Apple, e da Cortana, da Microsoft.
A inteligência artificial, destacaram os participantes do fórum, se diferencia dos programas pré-programados por aprender coisas novas, evoluir e ser capaz de enfrentar novos problemas com a experiência adquirida anteriormente.
Foram citados exemplos comuns no nosso dia a dia, como o conhecido tradutor do Google, que, graças à avaliação dos usuários, melhorou a maneira de traduzir muitos idiomas. Apesar de ainda imperfeito, o serviço melhorou muito desde que foi lançado.
Segundo Jeff Dean, do Google Brain, o potencial da inteligência artificial não deve gerar preocupação, já que esse tipo de tecnologia sempre atua para chegar a um objetivo concreto. Assim, o mito do robô que ganha consciência própria e decide atacar o homem é exatamente isso: apenas um mito.
"O AlphaGo é criativo, gera novas coisas, mas mantém o objetivo programado, que é ganhar um jogo. Não temo que a inteligência artificial desenvolva suas próprias metas", afirmou.