Robô em evento da indústria robótica em Lausanne, na Suíça (Divulgação/NCCR Robotics)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2015 às 12h48.
Lausanne (Suíça) - Robôs acoplados ao corpo e que usam sinais do usuário para antecipar suas intenções, invenções aquáticas, drones e próteses que convertem impulsos cerebrais em ações foram alguns dos produtos apresentados no Dia da Indústria Robótica da Suíça.
Uma feira organizada em Lausanne nesta semana contou com a apresentação de próteses para atenuar incapacidades físicas e equipamentos acoplados ao corpo (exoesqueletos) para reforçar um tratamento de reabilitação.
Também se destacaram no evento os robôs capazes de caminhar, voar e nadar para ajudar as equipes de socorro em tarefas de busca e resgate de vítimas de desastres.
A robótica, no entanto, também é utilizada com fins menos nobres, particularmente no âmbito militar, como ocorre com os drones, cujas aplicações civis são múltiplas, em áreas como engenharia, fiscalização florestal e agrícola, entre outras.
"Não se trata apenas de drones, robôs assassinos ou armas autônomas. Com as neuropróteses e as interfaces cerebrais poderíamos criar o soldado perfeito, mas o conflito ético é resolvido quando colocamos a pessoa no centro da equação", disse à Agência Efe José Millán, professor espanhol da Escola Politécnica de Lausanne.
A instituição de ensino, junto a outras quatro entidades acadêmicas de alto nível da Suíça, formam o Centro Nacional Suíço da Robótica, que lidera a iniciativa de organizar uma rodada de apresentações voltadas à indústria.
"Quando a decisão de matar não é tomada por um robô, e sim por uma pessoa que está interagindo com ele, o conflito é evidente, mas aí temos um marco ético e moral claro, assim como uma lei internacional", explicou o especialista.
O Centro Nacional Suíço da Robótica conta com 100 pesquisadores de dezenas de países, com um orçamento público de aproximadamente 60 milhões de euros (R$ 245 milhões) em 12 anos para poder impulsionar o desenvolvimento e a transferência de tecnologia.
O grupo liderado por Millán, especializado nos exoesqueletos, trabalha em um dispositivo para controlar o voo e as manobras de um drone com o corpo, tendo ao mesmo tempo a sensação real de voar.
Várias experiências realizadas nesse centro de excelência tecnológica têm como missão fazer com que a interação entre a pessoa e uma prótese robótica, por exemplo, possa ser feita não só em um laboratório, mas em condições normais de vida.
Os robôs que ajudam a salvar a vítimas de desastres são outra grande área de desenvolvimento no centro suíço, onde se conseguiu criar protótipos com grande mobilidade e adaptáveis ao terreno no qual devem atuar. Eles também são capazes de "coordenar" entre si e com seus operadores humanos.
Essa área recebeu um grande incentivo após o acidente nuclear de 2011 em Fukushima, no Japão, onde a necessidade desse tipo de robô se mostrou evidente por se tratar de uma zona radioativa, na qual humanos não poderia entrar para fazer as avaliações necessárias, explicou o engenheiro colombiano e especialista em robótica, Diego Pardo.
Os robôs têm grande utilidade em desastres como terremotos, avalanches e explosões, já que podem se infiltrar entre os escombros, localizar vítimas e enviar dados importantes às equipes de resgate, analisa Pardo, que atualmente cursa um pós-doutorado na Escola Politécnica Federal de Zurique.
O setor automotivo está entre os que acreditam no potencial da robótica e na evolução das interfaces entre os automóveis e motoristas. Em parceria com a Nissan, Millán comanda uma pesquisa para que o automóvel "antecipe o que o indivíduo fará segundos depois e contribua com a assistência necessária".
As experiências realizadas com pessoas, por meio de medições do cérebro com o uso de eletrodos, já mostraram que é possível antecipar em até meio segundo o momento em que um motorista começará a manobrar para mudar de pista ou a direção que seguirá em um cruzamento.
"Já temos carros inteligentes autônomos, mas o que buscamos é que eles interajam com o motorista de acordo as suas intenções e preferências", explicou Millán.
A indústria automotiva converge rumo a esse objetivo e a expectativa é que, em um futuro próximo, a interação entre o motorista e o veículo será similar à que se tem atualmente com um smartphone. EFE