O fundador da Foxconn não poupou críticas a brasileiros e russos (Nadkachna / Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2011 às 12h34.
São Paulo — A Foxconn, que deverá fabricar o iPad no Brasil e anunciou investimentos de US$ 12 bilhões no país, é a mais bem sucedida fábrica de eletrônicos do mundo. De acordo com analistas de Wall Street, a companhia global faturou incríveis US$ 100 bilhões em 2010. Para efeito de comparação, isto é mais do que o dobro do PIB da Bolívia no mesmo período.
Integradora de computadores, smartphones e TVs, a Foxconn inunda o mundo com netbooks, telões LCD, iPhones e iPods montados muitas vezes por garotos com menos de 18 anos trabalhando mais de 60 horas por semana. Na ficha da Foxconn estão puxões de orelha públicos da Apple, denúncias de ONG trabalhistas e uma lista de 17 suicídios envolvendo seus colaboradores na China.
Do alto deste edificante histórico, o presidente da companhia, Terry Gou, se colocou a falar sobre como trabalham os operários fora da China. Sobre o Brasil, ele declarou: “É um país fantástico, eles (os brasileiros) têm muitos minerais e têm a Amazônia, o que lhes confere um grande potencial hidroelétrico.
Mas os brasileiros, bem, tão logo eles ouvem a palavra ´futebol´ ele param de trabalhar. E tem também toda aquela dança. É maluco. Então, o Brasil é um lugar OK para produzir para o mercado local, mas para produzir coisas para o mercado americano, é mais barato e rápido fazer isso a partir da China”, disse.
A entrevista foi concedida em setembro do ano passado. Nesta semana, Gou anunciou investimentos de US$ 12 bilhões ao longo dos próximos cinco anos no Brasil. Em seu encontro com Dilma, ninguém fez referências ao futebol ou à música nacional.
Para ser honesto com Gou, ele não só desancou os brasileiros. Na mesma entrevista em que cita nossa fixação por futebol, ele critica indianos e russos, sobre estes últimos ele comenta: “Decidimos montar uma nova fábrica na China e ela ficou pronta em dois meses. Também decidimos abrir uma integradora em São Petersburgo. Isso foi há dois anos… e a fábrica ainda não está pronta!”.