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Fornecedora da Apple planeja fábrica de US$ 700 milhões na Índia

O investimento é um dos maiores gastos da Foxconn para um projeto específico até o momento

Apple Store na Fifth Avenue, em Nova York (Leandro Fonseca/Exame)

Apple Store na Fifth Avenue, em Nova York (Leandro Fonseca/Exame)

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 3 de março de 2023 às 14h51.

Última atualização em 3 de março de 2023 às 14h51.

A Foxconn Technology, fornecedora da Apple, planeja investir cerca de US$ 700 milhões em uma nova fábrica na Índia para aumentar a produção local, disseram pessoas com conhecimento do assunto, em um sinal da rápida transição de manufatura para fora da China em meio à crescente tensão entre os governos de Washington e Pequim.

A empresa taiwanesa, também conhecida por sua principal unidade Hon Hai Precision Industry Co., planeja fabricar peças do iPhone na nova unidade, próxima ao aeroporto de Bengaluru, capital do estado de Karnataka, sul da Índia, segundo as pessoas, que pediram para não serem identificadas. A fábrica também poderia montar aparelhos da Apple, disseram algumas pessoas, e a Foxconn ainda teria planos de usar a unidade para produzir algumas peças para seu novo negócio de veículos elétricos.

O investimento é um dos maiores gastos da Foxconn para um projeto específico até o momento na Índia e destaca como a China corre o risco de perder seu status de maior produtora mundial de eletrônicos de consumo. A Apple e outras marcas americanas contam com seus fornecedores chineses para explorar locais alternativos, como Índia e Vietnã. É um repensar da cadeia de suprimentos global, que se acelerou durante a pandemia e a guerra na Ucrânia e pode transformar a forma como os eletrônicos globais são fabricados.

O novo centro de produção na Índia deve gerar cerca de 100 mil empregos, disseram as pessoas. O amplo complexo de montagem do iPhone da empresa, na cidade chinesa de Zhengzhou, emprega cerca de 200 mil pessoas atualmente, embora esse número aumente durante a alta temporada de produção.

O volume fabricado em Zhengzhou caiu antes dos feriados de fim de ano devido a gargalos relacionados à Covid, o que levou a Apple a reavaliar sua cadeia de suprimentos dependente da China. A decisão da Foxconn é mais um passo que indica a possível transferência de capacidade para fora da China muito mais rápido do que o esperado.

“O plano pode anunciar uma realocação acelerada saindo da China para a Hon Hai. Uma vez concluída, calculamos que esta fábrica poderia melhorar significativamente o fornecimento de componentes na Índia e potencialmente aumentar a participação do país na montagem do iPhone para 10% a 15% em relação a menos de 5% atualmente”, dizem Steven Tseng e Sean Chen, analistas da Bloomberg Intelligence.

Várias autoridades do governo, entre elas o vice-ministro de Tecnologia da Índia, tuitaram a confirmação dos detalhes sobre a nova fábrica nesta sexta-feira, dizendo que a unidade será construída em breve com a abertura de 100 mil empregos.

Os planos podem mudar, já que a Foxconn ainda finaliza o investimento e os detalhes do projeto, disseram as pessoas. Também não está claro se a fábrica representa nova capacidade ou produção que a Foxconn está transferindo de outros locais, como de suas instalações chinesas.

A Apple não quis comentar. A Hon Hai, cujo presidente do conselho, Young Liu, se encontrou esta semana com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, não respondeu de imediato a um e-mail com pedido de comentários. O governo do estado de Karnataka ainda não respondeu. Liu, que está em viagem pela Índia, anunciou outro projeto de fabricação no estado vizinho de Telangana.

A decisão da Foxconn seria grande jogada para o governo de Modi, que vê uma oportunidade de fechar a lacuna tecnológica da Índia com a China, à medida que investidores e companhias ocidentais se preocupam com a repressão do governo de Pequim ao setor privado.

A Índia tem oferecido incentivos financeiros a fornecedores da Apple como a Foxconn, que começou a fabricar a última geração de iPhones em Tamil Nadu no ano passado. Rivais menores, como Wistron e Pegatron, também cresceram na Índia, enquanto fornecedores como Jabil começaram a fabricar componentes para os AirPods localmente.

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