Trabalhadores passam em frente à placa do evento Consumer Electronics Show, em Las Vegas (Rick Wilking/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 17h32.
São Paulo - Começa nesta terça, 5, em Las Vegas, EUA, a CES (Consumer Electronics Show), maior evento global de tecnologias para o usuário final, que engloba de celulares e TVs a lavadeiras, refrigeradores e sistemas de som.
O evento é organizado pela CTA (Consumer Technology Association), que até o ano passado chamava-se CEA (Consumer Electronics Association).
A mudança aconteceu pelo perfil dos associados, que agora abarca não só fabricantes de equipamentos, mas também empresas de tecnologia como Snapchat, Uber e AirBnB.
A feira deste ano é a maior dos 49 anos de história do evento, com 150 mil participantes de 150 países e 20 mil novos produtos sendo apresentados.
Nesta segunda, o economista chefe da CTA, Shawn DuBravac, apresentou a leitura que a associação faz das principais tendências do mercado.
"A conversa mudou. Antigamente a pergunta era o que a tecnologia podia fazer, o que era possivel. Agora a pergunta é o que é relevante, importante. Estamos olhando muito mais para as aplicações das tecnologias do que para elas em si", disse DuBravac.
Ele avalia que nos último anos o que vimos foi a substituição do analógico pelo digital. "Acho que esta transição está no fim, agora começamos efetivamente a era digital", disse.
O crescimento da indústria virá de áreas novas, que começam a ser exploradas só agora. Atualmente 51% das receitas do setor vem de smartphones, TV, computadores e tablets. Isso está mudando, segundo a CTA.
A partir de 2016 estas categorias serão menos da metade do bolo, e outras categorias, hoje pequenas, vão dominar.
DuBravac apontou três grandes tendências de mercado para os próximos anos.
Sensores
São usados há anos, por exemplo em airbags. Mas agora passam a ser percebidos pelo usuário. Começou a partir de 2006, 2007, com o iPhone e os games (Wii, Kinect).
Foi a primeira experiência do consumidor de levar o que fazia no mundo digital para o analógico. Veremos agora o uso de termostatos, sensores de dietas.
"Dos 20 mil novos produtos da feira, uns 15 mil devem envolver sensores", contou DuBravac.
Segundo ele, uma das razões é a queda nos preços. Um sensor de movimento do primeiro iPhone custava US$ 15, hoje custa US$ 0,5. "Hoje", disse o executivo, " vivemos num mundo analógico, cercado de dispositivos digitais.
Agora os ambientes serão digitalizados, estes mundos se integrarão mais". Ele dá exemplos como o Sensum, que mede a reação de uma pessoa a um determinado conteúdo.
"Pode ser usada na publicidade. O anunciante pode saber exatamente qual a reação das pessoas a um produto ou uma imagem", disse.
Aprendizado acumulado (aggregated learning)
Os dispositivos e aplicativos aprenderão cada vez mais sobre nós, e compartilharão esta informação. Isso pode ser aplicado por exemplo em customização predictiva.
"Hoje a Netflix sugere filmes baseada no seu gosto, mas logo poderá ter informações sobre a temperatura da sua casa, a iluminação e acesso aos dados do seu seu relógio smart, para saber seu estado de espírito, se está relaxado, tenso, e fazer sugestões baseadas nas suas condições naquele momento".
Ele conta que a taxa de erros em reconhecimento de palavras (WER) caiu dramaticamente: de 100% em 1995 a 23% em 2013 a 5% em 2015.
"Os carros sem motorista do Google já andaram 1,6 milhão de quilômetros. Equivale a 75 anos de um motorista americano típico. Esta informação vai sendo acumulada e compartilhada, criando bases cada vez mais precisas e confiáveis", conta.
Amadurecimento dos ecosistemas nascentes
Novas linhas de produtos estão se consolidando, como a realidade virtual (VR). Um milhão de assinantes do NYT usou o cardboard (óculos de papelão que veio encartado no jornal, que com um smartphone acoplado vira um dispositivo de VR).
"Isso vai mudar muita coisa. Para reservar um cruzeiro, você vai andar antes virtualmente pelo navio, olhar os quartos etc".
A VR vai crescer 440% este ano, faturando US$ 540 milhões, com 1,2 milhão de unidades comercializadas. Mais de cem produtos foram lançados recentemente.
Também vêm surgindo produtos para a criação de VR, não apenas para o consumo. A Ricoh Theta e a Panono 360 são exemplos de câmeras que captam imagens em 360°.
"É importante para um mercado crescer que todas as partes de um sistema venham juntas", lembrou DuBravac.
O executivo deu ainda dados sobre o crescimento no ?ltimo ano de tecnologias inovadores já disponíveis nas prateleiras.
As TVs 4K tiveram crescimento de vendas de 65%, gerando US$ 10,7 bilhões em receitas, com 13 milhões de unidades vendidas. As SmartTVs geraram US$ 15,8 bilhões em receitas.
Os wereables tiveram 22% de crescimento. A linha de produtos aumentou, indo além do fitness.
Os drones tiveram 115% de aumento, com US$ 953 milhões em vendas.