Estudos já têm afirmado que o Twitter pode ser usado como um indicador antecipado de mudanças no sentimento dos investidores sobre ações específicas e commodities (©AFP/Archivo / Nicholas Kamm)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2012 às 13h45.
A polícia federal dos Estados Unidos (FBI) considera a mídia social como potencial fonte de fraudes financeiras, e seus agentes vasculham o Twitter e o Facebook em busca de pistas, de acordo com dois agentes de primeiro escalão que comandam uma longa investigação sobre uso de informação privilegiada no setor de fundos de hedge, que movimenta 2 trilhões de dólares anuais.
April Brooks, agente especial que comanda o escritório do FBI em Nova York, e David Chaves, agente supervisor, dizem que é difícil prever de onde virá a próxima onda de fraudes financeiras, mas acrescentam que ela terá muito a ver com avanços na tecnologia e com a mídia social.
"Posso dizer que a tecnologia desempenhará papel importante, a mídia social, o Twitter. Qualquer forma nova de tecnologia, ainda não existente, se houver modo de explorá-las, essas pessoas a explorarão", disse Brooks à Reuters TV, durante entrevista no Reuters Investment Outlook 2013 Summit.
Brooks e Chaves comandam o que o FBI chama de "Operação Perfect Hedge", que resultou em mais de 60 condenações de operadores, analistas e consultores da indústria de fundos de hedge. Na terça-feira passada, um dia depois da entrevista de Brooks à Reuters TV, o governo dos EUA acusou Mathew Martoma, ex-funcionário da SAC Capital, controlado por Steven Cohen, de envolvimento em um esquema de uso de informações privilegiadas ("insider trading") que movimentou 276 milhões de dólares. O esquema foi definido por promotores públicos como "o mais lucrativo de todos os tempos".
Embora Cohen, cujo fundo de hedge com 14 bilhões de dólares em ativos é um dos mais conhecidos e bem sucedidos em Wall Street, não tenha sido acusado de qualquer delito, a queixa diz que ele aprovou as transações envolvendo as empresas Elan e Wyeth em julho de 2008, antes que fossem veiculadas más notícias sobre testes de remédios que as duas companhias farmacêuticas estavam realizando.
Brook e Chaves não ofereceram informações sobre o caso contra a SAC na entrevista, e se recusaram a falar sobre investigações ainda em aberto. "Há quem considere que o insider trading vinha se intensificando e com isso atingiu um pico. Mas em minha opinião, ainda não atingiu", disse Chaves.
Fundos de hedge, grandes investidores institucionais e empresas de avaliação de investimentos como a Muddy Waters abraçaram o Twitter como plataforma para compartilharem suas ideias e estratégias de investimento.
Estudos e relatórios de pesquisa têm afirmado que o Twitter pode ser usado como um indicador antecipado de mudanças no sentimento dos investidores sobre ações específicas e commodities. Isso permite que os dados do Twitter sejam usados para previr flutuações de preços de ativos no mercado.
Uma pesquisa, dos acadêmicos Johan Bollen, Huina Mao e Xiao-Jun Zeng, afirma que o grau de "calmaria" do universo do Twitter pode previr, com 87,6 por cento de precisão, o comportamento do índice acionário Dow Jones com dois a seis dias de antecedência.
Segundo os dois agente do FBI, a investigação sobre insider trading é parte de um esforço para tornar os mercados financeiros mais justos para todos.
"A mensagem é que estamos de olho e vamos continuar de olho", disse Brooks. "Este tipo de violação, este tipo de crime impacta todo mundo", afirmou.