Jornalistas assistem a vídeo em que o guerilheiro Monazo confirma que a Farc está com Langlois. (©AFP / Guillermo Legaria)
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2012 às 19h48.
Bogotá - Com comunicados enviados a partir "das montanhas da Colômbia", sites e conta no Twitter, a guerrilha das Farc luta também na internet, um espaço mais agitado do que nunca desde que o jornalista francês Romeo Langlois caiu em seu poder no dia 28 de abril.
As Farc, a guerrilha mais antiga da América Latina, fundada em 1964 por agricultores e intelectuais de esquerda, aproveitam com frequência as novas tecnologias para enviar suas esperadas mensagens, quando se trata de reféns.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia "conseguiram se adaptar a meios de comunicação que as permitem dar respostas muito mais rápidas do que antes", explicou Alfredo Rangel, diretor da Fundação Segurança e Democracia.
Assim, a página se transformou no meio oficial da guerrilha. Ironicamente, o site está hospedado no Arizona, Estados Unidos, país que é inimigo declarado das Farc.
Outras páginas na internet que compartilham sua linha de pensamento também reproduzem os comunicados das Farc, como a Anncol (Agência de Notícias Nova Colômbia), neste endereço e o blog ou a Agencia Bolivariana de Imprensa.
A web se transformou em um dos lugares mais seguros para a guerrilha, que praticamente pos fim aos contatos diretos com a imprensa por medo de serem localizados se utilizarem outros sistemas de comunicação, como aconteceu em 2008 ao porta-voz das Farc, Raúl Reyes, morto em um bombardeio no Equador, onde foi encontrado graças a seu telefone via satélite.
Contudo, com frequência, as autoridades colombianas bloqueiam esses sites. "É um sintoma da importância que as Farc estão dando a esses meios de comunicação. O Estado percebeu e os está atacando como antes nunca atacavam", disse Rangel.
Cada bloco da guerrilha, que conta com 9.200 combatentes principalmente nas zonas rurais, tem também sua própria rádio local, que as forças militares bombardeiam, disse o pesquisador Ariel Avila, da Corporação Nuevo Arcoiris, que estuda o conflito armado no país.
Além disso, os blocos mantêm páginas que constantemente mudam de endereço, devido à perseguição cibernética oficial, acrescentou.
Esses ataques foram destacados esta mesma semana pelo secretariado (comando central) das Farc, em um comunicado em que pediu um debate sobre a cobertura jornalística do conflito interno colombiano, depois de ter capturado o correspondente do canal France 24, Romeo Langlois, no dia 28 de abril.
"Nosso site é atacado e bloqueado permanentemente, nossas emissoras são bombardeadas", denunciou o secretariado das Farc nesse texto.
A atividade na rede é tão variada, que há poucos dias apareceu uma conta do Twitter (@FARC_COLOMBIA), com cerca de 5.000 seguidores, cuja autenticidade não foi confirmada nem desmentida por seus comandos.
Reproduzido por diversos meios de comunicação, sua última mensagem na rede social anunciava a "libertação em breve" de Langlois.
Mas, segundo Avila, as mensagens do Twitter devem ser consideradas "com muita precaução".
Este pesquisador acredita que as mensagens são escritas por alguém próximo aos comandantes guerrilheiros, mas lembrou que as Farc são "um corpo colegiado, não uma ONG onde todos podem tuitar. Seria como se cada general dissesse no Twitter o que deve ser feito no Exército".
Há uma conta no Twitter com o nome de Timoshenko, como era conhecido Timoleón Jiménez, o comandante máximo das Farc, mas, nesse caso, parece ser apenas o gesto de um admirador.