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Falta de saneamento básico agrava poluição na Baía de Guanabara

Em meio a críticas sobre a qualidade da água, Baía de Guanabara sediará o primeiro evento-teste para as Olimpíadas de 2016

Baía de Guanabara (Wikimedia Commons)

Baía de Guanabara (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 31 de julho de 2014 às 07h46.

A principal fonte de poluição da Baía de Guanabara é o esgoto doméstico dos 15 municípios que ficam na região e que é despejado nos rios e no espelho d'água sem tratamento adequado. A constatação é compartilhada pelo Comitê de Bacia da Baía de Guanabara, por especialistas em recursos hídricos, pela Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e pelo Ministério do Meio Ambiente.

O professor de recursos hídricos Paulo Canedo, do Instituto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), ressalta que vazamentos de óleos também influenciam, mas em proporção bem menor do que o esgoto e o lixo.

"Os vazamentos de óleo são a terceira maior fonte poluidora. Quando ocorre, é visto como um desastre, chama a atenção e aparece nas manchetes nos jornais. Mas isso só acontece porque nós nos acostumamos a viver dentro de cocô, porque a precariedade das nossas águas era para estar na primeira página de todos os jornais todo santo dia", criticou.

Para ele, não adianta tentar melhorar todos os indicadores de poluição de uma vez, é necessário estabelecer prioridades. "Quando a gente colocar esse dois planos [esgoto e lixo] a níveis, eu diria, nem aceitáveis, mas para não ficar com vergonha, a gente começa a falar do terceiro, a gente vai falar também do PH [da água], do óleo. Como falar de mais fatores se a gente não consegue resolver o esgoto e o lixo?", questiona o professor, que também integra a Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH).

O secretário executivo do Comitê de Bacia da Baía de Guanabara, Alexandre Braga, destaca que outros problemas também contribuem para a poluição. "Uma dragagem inadequada que deixa um sedimento totalmente poluído também afeta, o chorume dos antigos lixões afeta. Mas, com certeza, o esgoto que a gente está lançando na baía é o grande peso nas nossas costas", diz.

Canedo destaca que a coleta do esgoto não resolve o problema. "Não basta coletar, tem que coletar e tratar o esgoto adequadamente, para que os resíduos líquidos que sobram da estação de tratamento sejam pouco poluentes para que possam ser jogados na baía. E a parte sólida, que são os rejeitos das estações de tratamento, o chamado lodo da estação de tratamento, deve ser levada para aterros sanitários."

A principal iniciativa do Plano Guanabara Limpa, da Secretaria de Estado do Ambiente, é o Programa de Saneamento dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (Psam). O Psam prevê a aplicação de R$ 1,5 bilhão, até 2016, em obras de esgotamento sanitário e em projetos de saneamento nos 15 municípios do entorno da Baía de Guanabara: Belford Roxo, Cachoeiras de Macacu, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Rio Bonito, Rio de Janeiro, São João de Meriti, São Gonçalo e Tanguá.

De acordo com os dados do site Guanabara Limpa, a meta é levar, até 2018, os serviços de saneamento básico para 80% da população fluminense. Em 2013 a coleta de esgoto chegou a 40%, cerca de três vezes mais do que há sete anos, quando apenas 12% da população era atendida.

No início de julho, a SEA lançou as obras do sistema de coleta e construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Alcântara, para atender cinco bairros de São Gonçalo, com 230 mil pessoas. De acordo com o secretário Carlos Portinho, serão investidos R$ 355 milhões, com previsão de entrega até o fim do ano.

"É uma região altamente adensada, com uma necessidade urgente de rede de esgoto e tratamento. Aqui, em Alcântara, talvez seja uma das maiores obras do estado de esgotamento sanitário. Nós vamos avançar com a interligação das redes das residências e a conclusão da estação de tratamento, o que vai beneficiar tanto a população quanto a Baía de Guanabara que hoje recebe muitos desses resíduos."

Também estão sendo construídas, como parte das ações na área de saneamento, cinco unidades de Tratamento de Rio (UTRs), nos rios Sarapuí, Pavuna-Meriti, Imboaçu, Irajá e no Canal do Cunha, com previsão de entrega até o fim de 2014. A UTR utiliza um método físico-químico para retirar cerca de 80% da carga orgânica na foz dos rios. Já existem UTRs no Rio Carioca (no Aterro do Flamengo) e no Piscinão de Ramos.

Editor Lílian Beraldo

 

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