A HTC já tem smartphones com botão para acesso ao Facebook e estaria desenvolvendo outro projeto em parceria com a empresa de Mark Zuckerberg (Divulgação)
Maurício Grego
Publicado em 28 de maio de 2012 às 15h18.
São Paulo — O Facebook está desenvolvendo um smartphone e tem planos para lançá-lo em 2013. A notícia é do New York Times, que diz ter recebido a informação de funcionários do Facebook e de pessoas que se candidataram a empregos lá. Segundo o jornal, o Facebook montou um time de engenheiros com experiência em smartphones, incluindo alguns que trabalharam no projeto do iPhone, na Apple.
Questionada, a empresa de Mark Zuckerberg não negou e nem confirmou a notícia. A resposta oficial dada ao New York Times é: “Estamos trabalhando com toda a indústria de dispositivos móveis, com operadoras e com fabricantes de hardware, desenvolvedores de sistemas operacionais e de aplicativos”.
Rumores de que o Facebook desenvolve seu próprio smartphone existem desde 2010. Em novembro do ano passado, o site All Things D afirmou que a empresa tinha um acordo com a HTC para desenvolver um smartphone em conjunto. O aparelho estaria sendo chamado de Buffy (personagem central da série de TV “Buffy, a caça-vampiros”).
Há cerca de um mês, o noticiário Digitimes, de Taiwan, disse que esse projeto continua em andamento. A HTC já tem dois smartphones que possuem integração com o Facebook – Salsa e Chacha. Mas os dois são vendidos com a marca da empresa taiwanesa; não com a do Facebook. É possível que o Buffy seja apenas mais um modelo da HTC com acesso ao Facebook integrado. Ou pode ser o primeiro smartphone com a marca da rede social.
Mark Zuckerberg já declarou que os smartphones são, agora, prioridade para o Facebook. A compra do Instagram, por exemplo, vai nessa direção. É um posicionamento natural, considerando que cada vez mais pessoas entram na rede social usando um smartphone. Desenvolver seus próprios aparelhos seria uma maneira de a empresa garantir um lugar de destaque no bolso dos usuários, em vez de ser apenas um app como qualquer outro. O Facebook poderia incorporar, a esse Facephone, os aplicativos e jogos já criados para a rede social.
A competição do Facebook com o Google no mercado de publicidade na internet tende a se acirrar agora que Zuckerberg e sua turma precisam apresentar resultados trimestrais aos acionistas. Assim, a rede social não pode esperar ter um tratamento VIP na plataforma Android, da empresa rival. Por outro lado, a relação do Facebook com a Apple também não é nada tranquila. O iPhone e o iPad já têm integração nativa com o Twitter, mas não com o Facebook.
A empresa de Zuckerberg tem uma aliança com a Microsoft, que é dona de uma pequena participação acionária nela. Mas isso não representa muito no mercado de smartphones, onde a fatia do Windows Phone é de apenas 1,9%. Restam duas opções para Zuckerberg: desenvolver um aparelho próprio ou comprar um fabricante, como fez o Google com a Motorola. Com o caixa recheado após o IPO, o Facebook poderia adquirir, por exemplo, a RIM, fabricante do Blackberry.
Naturalmente, nada disso é fácil. O mercado de smartphones já está dominado pela Apple e pela turma do Android. Empresas como HP e Dell tentaram entrar nele e se deram mal. Para ter sucesso, o Facebook teria de oferecer um aparelho diferente dos concorrentes e muito atraente. Além disso, distribuir smartphones no mundo inteiro requer uma formidável estrutura logística, numerosos canais de revenda e bons acordos com as operadoras de telefonia – coisas que o Facebook, obviamente, não tem.