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'Facebook tem metas agressivas no Brasil', diz chefão da AL

Alexandre Hohagen diz que serviço ainda quer mais cadastrados no país – já são 54 milhões – e também receitas, provenientes do uso em dispositivos móveis


	Alexandre Hohagen, vice-presidente do Facebook na América Latina: 54 milhões de usuários do Facebook estão no Brasil
 (Mário Rodrigues/VEJA SP)

Alexandre Hohagen, vice-presidente do Facebook na América Latina: 54 milhões de usuários do Facebook estão no Brasil (Mário Rodrigues/VEJA SP)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2012 às 16h16.

São Paulo - À frente do Facebook no Brasil, o brasileiro Alexandre Hohagen, de 44 anos, participou de um dos mais importantes capítulos da rede social no país. Ele chegou à empresa em fevereiro de 2011 para assumir o posto de vice-presidente da companhia na região e comandar a expansão do serviço.

Na prática, isso significava ultrapassar, em termos de audiência, o então campeão das redes no Brasil: o Orkut. Hohagen foi bem-sucedido: a virada se deu em dezembro. Desde então, o serviço não parou de crescer.

Nesta quinta-feira, ao mesmo tempo em que Mark Zuckerberg, criador e CEO do Facebook, anunciava que o serviço atingira a marca de 1 bilhão de usuários, Hohagen informou que 54 milhões deles estão no Brasil. Por isso, o mercado local é visto como importante pela cúpula da empresa.

"O Brasil entrou no radar da companhia e tem uma importância crucial para o crescimento da plataforma", diz Hohagen. Na entrevista a seguir, ele dá mais detalhes sobre o mercado e o usuário brasileiro ("Hoje, 20 milhões de brasileiros já acessam o Facebook a partir de um smartphone") e afirma que a empresa tem "objetivos agressivos de crescimento no Brasil". Conheça o perfil do usuário brasileiro na rede social:

Veja.com - Para o Facebook, qual o significado de atingir a marca de 1 bilhão de cadastrados?

Alexandre Hohagen - É um fato absolutamente especial. É o momento ideal de homenagear as pessoas que ajudamos a conectar. Nossa missão é construir produtos, ferramentas e tecnologias que atendam a uma necessidade fundamental dos usuários: conexão com outras pessoas.

Essas conexões são poderosas e significativas: tanto podem ter impacto local quanto ajudar a transformar o mundo. Vimos isso recentemente em um episódio ocorrido no Brasil, protagonizado pela estudante Isadora Faber, de 13 anos, de Santa Catarina, que utilizou sua página no Facebook, batizada "Diário de Classe", para falar da qualidade de ensino no Brasil, pedir melhorias. Em menos de três meses, a página ultrapassou a marca de 300.000 fãs e mantém alto nível de engajamento.

Aí está a oportunidade de os usuários se expressarem, se conectarem com o mundo. Ao mesmo tempo, ainda há muito a ser feito. Como costumamos dizer, nossa jornada está apenas 1% completa.

Qual é a importância do mercado brasileiro para a rede?

Hohagen -  Desde fevereiro de 2011, quando assumi o controle de operações da companha na América Latina, saltamos de 10 milhões para 54 milhões de cadastrados no país. Ganhamos relevância em um terreno altamente social no mundo digital.

Uma série de fatores contribuiu para nossa expansão, como a migração massiva de usuários do Orkut para o Facebook e o próprio filme A Rede Social (que narra a criação do serviço, em 2004, e as primeiras batalhas judiciais envolvendo a companhia). Criamos massa crítica e mídia espontânea entre pessoas conectadas à rede. O Brasil entrou no radar da companhia e tem uma importância crucial para o crescimento da plataforma.


- Em pouco tempo, o Brasil se tornou o segundo maior mercado da rede social, em termos de número de usuários. Há uma meta para o país?

Hohagen - Ainda temos objetivos agressivos de crescimento no Brasil. Hoje, 80 milhões de pessoas acessam a internet. Dessas, 54 milhões já estão no Facebook. Há mercado a ser conquistado, portanto.

- Mark Zuckerberg, CEO e fundador da empresa, afirmou recentemente que o Facebook se tornou uma "empresa móvel", ou seja, focada na aplicação que usuários fazem do serviço a partir de smartphones e tablets. Como isso se traduz para o mercado brasileiro?

 Hohagen A migração de usuários para os dispositivos móveis acontece muito mais rápido do que eu imaginava. Hoje, 20 milhões de brasileiros já acessam o Facebook a partir de um smartphone. É um número grandioso, uma vez que os custos de dados e de aparelhos ainda são altos por aqui.

- O que os usuários ganham com essa mudança?

Hohagen - Todas as modificações são destinadas ao maior interessado, o usuário. Queremos acompanhar sua evolução com as experiências multiplataformas. O aplicativo lançado recentemente para o iPhone, por exemplo, é três vezes mais rápido do que seu antecessor. A navegação pelo serviço está mais simples e eficiente.

O senhor já tem números relativos à receita obtida a partir de dispositivos móveis no Brasil?

Hohagen - Ainda não, mas já contamos com uma estratégia comercial direcionada ao setor. Hoje, a rede possui um modelo de anúncio em plataformas móveis – presente no feed de notícias –, e uma demanda intensa de empresas dispostas a usar a experiência móvel para trazer novos clientes. Essas companhias sabem que o Facebook se tornou uma empresa móvel. Os números apresentados no Brasil ainda são tímidos, mas tenho certeza de que vamos colher frutos no curto prazo.

As buscas dentro da rede social ainda não trazem bons resultados. A empresa já tem uma estratégia para aperfeiçoar o mecanismo?

Hohagen - Vamos investir no setor. Vivemos uma mudança no conceito de busca, elevando o seu conceito a um patamar social. Hierarquizados por algoritmos em outros serviços, o sistema de pesquisas no Facebook pode passar a receber influência do compartilhamento proveniente da rede social.

Hoje, diariamente mais de 800 milhões de pesquisas são feitas na rede social. Vamos apresentar resultados ainda mais relevantes às pessoas.

- O senhor já se reuniu algumas vezes com Zuckerberg. Como foram esses encontros?

 Hohagen - Maravilhosos. É uma pessoa inteligente, com uma capacidade extraordinária de reunir conceitos de programação e matemática e questões sociais. Tem uma experiência inspiradora, que traduz em seu serviço: pensar em tecnologias para aproximar pessoas e tornar o mundo mais aberto e conectado. Posso dizer que o Mark traduz a forma como o Facebook percebe a inovação. Ele é um visionário.

 - Quais são as estratégias para conter o avanço de competidores diretos?

 Hohagen  - Não desenvolvemos nenhuma tática para conter a evolução dos concorrentes. A competição é, sobretudo, natural, saudável e proporciona evolução ao serviço. O que fazemos é adotar uma estratégia agressiva para angariar mais e mais usuários. Na América Latina, por exemplo, temos mais de 380 milhões de pessoas que não acessam a internet. Nosso foco é manter o crescimento que alcançamos nos últimos meses.

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