Tecnologia

Facebook mostra como desenvolvedores podem mudar o mundo

Facebook terá uma forte presença na Campus Party 2015, a grande festa da tecnologia que começa nesta terça-feira (3), em São Paulo

Ime Archibong, do Facebook: ele é líder da equipe de “aceleração estratégica” da empresa (Divulgação)

Ime Archibong, do Facebook: ele é líder da equipe de “aceleração estratégica” da empresa (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2015 às 18h41.

São Paulo - O Facebook terá uma forte presença na Campus Party 2015, a grande festa da tecnologia que começa nesta terça-feira (3), em São Paulo.

A começar pela palestra de abertura, que será comandada por Ime Archibong, líder da equipe de “aceleração estratégica” da empresa.

Ele fortalece os elos do Facebook com desenvolvedores locais, e também lidera os esforços do Internet.org, projeto da empresa que trabalha para fazer avançar a conectividade pelo mundo, em áreas que ainda não têm acesso à internet.

O projeto já foi lançado em cinco países, entre eles Zâmbia e Colômbia, e promete uma expansão agressiva para 2015.

Bacharel em engenharia eletrotécnica e de computadores pela universidade de Yale, Archibong chegou a São Paulo nesta segunda-feira, e recebeu a reportagem da INFO no escritório do Facebook na capital paulista.

Sorridente, ele falou sobre os progressos colossais de seu time, adiantou o conteúdo de sua palestra, e também falou sobre a importância do Brasil e da Campus Party no projeto de conectar o mundo.

Por que o Facebook se envolveu com a Campus Party este ano? Qual o interesse de vocês no evento?

Ime Archibong - A resposta mais ampla é que o Facebook está muito empolgado com o Brasil.

Este é um mercado em que nos concentramos nos últimos anos, tentando acelerar a parceria como um todo, e a Campus Party foi uma boa oportunidade de fazer isso.

Primeiramente, porque o público é o mesmo com que trabalhamos há anos, o de desenvolvedores.

Atualmente, há 90 milhões de pessoas usando o Facebook no Brasil, 70 milhões a partir de dispositivos móveis, o que oferece uma oportunidade enorme em nossa missão de tornar o mundo mais conectado.

O que as pessoas devem esperar da sua palestra na Campus Party?

Ime Archibong - Vou falar da minha primeira vinda ao Brasil, e o que mudou na forma como planejei minha viagem num intervalo de dez anos.

E depois falarei das oportunidades que enxergamos e como podemos ajudar desenvolvedores locais a criar apps para o público brasileiro.

Fazemos isso de algumas formas diferentes. Primeiro, por meio do programa FbStart, que terá eventos em São Paulo (9/2) e no Rio de Janeiro (11/2).

Essas são ótimas oportunidades para que esses desenvolvedores estabeleçam uma relação com o Facebook, de uma forma que já funciona nos EUA e no mundo todo.

Também falarei sobre a plataforma do Facebook, que já existe há cerca de sete anos, e seus pilares, as ferramentas e APIs que podem ajudá-los a fazer os apps crescerem, monetizá-los e transformá-los em um negócio.

Falarei um pouco sobre o Internet.org e sobre a cultura do Facebook de uma forma geral.

E quais foram as diferenças no planejamento da sua viagem de dez anos para hoje?

Ime Archibong - Quando eu me preparei para vir ao Brasil, há quase uma década, as ferramentas que eu usei eram totalmente diferentes.

Naquela época, usei meu guia Lonely Planet, mapas físicos. Eu reservei tudo pelo telefone dos Estados Unidos, com minha grande câmera.

Na semana passada, basicamente usei meu smartphone. Pronto. Se eu precisar de um mapa, posso usar o Google Maps, se eu quiser sugestões de restaurantes, posso usar um app que não apenas recomenda, mas também faz as reservas para mim.

E essa câmera é provavelmente melhor que a minha de dez anos atrás. Falarei então sobre as grandes mudanças que dispositivos móveis trouxeram às pessoas.

Isso foi óbvio na semana passada, quando tive que me preparar e não precisei ir à livraria comprar um guia nem fazer um monte de ligações.

E o Facebook também tem seu papel nesse processo.

Ime Archibong - Sim, definitivamente. A mudança para o mobile e a quantidade de oportunidades para desenvolvedores locais construírem experiências que mudam a forma como experienciamos o mundo não é algo trivial.

Há enormes oportunidades para quem for apaixonado por desenvolvimento mobile, como no caso de navegação de trânsito, algo que mudou muito aqui, certo?

Eu e meu time nunca teremos conhecimento local suficiente para desenvolver as experiências corretas, por isso contamos com os desenvolvedores.

Como vocês medem o impacto desse tipo de evento com desenvolvedores?

Ime Archibong - Há algumas formas de fazer isso. Uma delas é acompanhar a plataforma e ver como essas ações se traduzem em acessos a ela.

A Campus Party é um evento grande, e espero ver muitos IPs vindos do Brasil se conectando depois do evento.

Outra coisa são os relatórios de impacto econômico do Facebook, nos quais a plataforma desempenha um papel importante. Mas o verdadeiro impacto deve ser medido em anos.

Gostaria que você falasse um pouco sobre o atual estágio do projeto Internet.org. Há algum plano de lançá-lo no Brasil?

Ime Archibong - Ainda não temos nada para anunciar no Brasil. Mas há uma visualização que mostrarei na palestra que mostra as conexões entre amigos, e as regiões em que não existem essas conexões.

Isso não acontece porque as pessoas não sabem o que é o Facebook, mas porque há problemas, como falta de conexão.

O Internet.org é a tentativa do Facebook de acelerar a solução disso.

Dois terços da população mundial não tem acesso a internet, e seria fácil esperar que alguém resolvesse essa questão. Mas, em vez de esperar, tentamos resolver isso.

Gosto de dizer que o Internet.org faz duas promessas ao mundo. A primeira é técnica. Atualmente, 85% das pessoas vivem ao alcance de torres de celular 2G, 3G ou 4G, o que é bastante coisa.

Claro que podemos usar balões, estamos avaliando coisas como satélites e drones para os 15%.

Mas, para o resto, por que podemos usar a infraestrutura existente, e entender quais as barreiras que impedem que elas possam ser utilizadas?

Uma questão é do custo. Discutimos com operadoras para tentar resolver isso. A segunda é a de compreensão.

Se você perguntar à muitas dessas pessoas se elas querem internet no seu celular, elas dirão que não. Mas se você perguntar se elas querem para usar o Facebook, a resposta muda.

Então há esse problema de compreensão do que a internet no celular pode trazer. Isso é o que chamamos de promessa social.

Quando elas tiverem tráfego de dados em seus aparelhos, terão acesso a conteúdo, serviços, ferramentas que as ajudarão a ter mais oportunidades.

A maior parte dos desenvolvedores está localizada em grandes cidades, e a falta de conectividade afeta regiões mais afastadas. Como vocês lidam com esse problema?

Ime Archibong - Tentamos conversar com aqueles usuários que utilizarão o Internet.org e entender suas necessidades. Isso é difícil de se fazer em escala, então a forma que atacamos o problema é a seguinte: fazemos pesquisa, temos um time que viaja o mundo todo que avalia onde podemos lançar o Internet.org e gastam tempo nessas comunidades entendendo suas necessidades.

Também falamos com peritos locais, eles podem estar em grandes cidades com infraesturutra, mas passaram anos entendendo esses problemas.

E empoderar esses desenvolvedores. Ao criarmos ferramentas que possibilitem a conexão deles sem que apareçamos, essa é a melhor forma de resolver esses problemas em escala.

Quais os principais problemas que o Facebook pode resolver nessas comunidades?

Ime Archibong - O menor denominador comum é a conectividade.

Se olharmos para a conectividade daqui alguns anos, e concluirmos que colaboramos para a sua expansão no mundo, terá sido uma vitória para o Facebook.

Mas é difícil falar sobre necessidades específicas. Por isso os desenvolvedores vão elaborar essas soluções. Não será algo centralizado.

O Facebook tem ótimas ferramentas de comunicação, mas provavelmente não teremos recursos para resolver todas as necessidades locais, ainda que planejemos investir bilhões no projeto nos próximos anos.

As necessidades na Colômbia são muito diferentes das que ouvimos em Zâmbia. Em Zâmbia, por exemplo, uma empreendedora de Lusaka criou um app sobre direitos das mulheres, problemas com os quais ela lidava em na comunidade e na família dela.

Mas não sei qual a situação dos direitos das mulheres na Colômbia, na Índia, na África do Sul... Eu amaria lidar com todos, mas há um pragmatismo necessário para esse programa.

Precisamos entender qual o mínimo denominador comum e ter a certeza de que estamos falando com as pessoas certas para que elas possam criar as ferramentas certas para melhorar as vidas das pessoas.

Quais os planos do Internet.org a partir de agora?

Ime Archibong - Nada que eu possa mencionar, mas há planos muito ambiciosos. Lançamos em cinco países, e aprendemos muito.

O lançamento na Zâmbia foi diferente do lançamento na Colômbia. Em 2015, há metas ambiciosas e agressivas.

O time que está trabalhando comigo nisso não está dormindo nesse momento, e eles não estão muito felizes (risos).

Mas há metas abrangentes e ambiciosas. Vocês verão muitas coisas nos próximos meses e certamente até o final do ano.

Agenda completa do Facebook na Campus Party

Dia 03

21:00 Ime Archibong #CPBR8

Dia 04

14:30 - 15:20: FbStart Panel:
Developer Stage Moderator: Michael Hunag

10:30 - 11:30: Women Panel:
Social Media Stage: Mercúrio Moderator: Laura Gonzales

Dia 05

10:30 - 11:30 Internet.org: Entrepreneur stage: Francesca de Quesada Covey

Dia 07

10:30 - 11:30 Panel: Social Media Integration for E-commerces. Social Media Stage (Mercúrio): Patrick D

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