Tecnologia

Facebook aposta em vendas on-line para enfrentar a Amazon

Zuckerberg afirmou ao Financial Times que tem planos "acelerados para se aproveitar do aumento nas compras online durante a crise da covid-19"

Mark Zuckerberg: rede social do bilionário vai rivalizar diretamente com gigante do varejo (Charles Platiau/ File Photo/Reuters)

Mark Zuckerberg: rede social do bilionário vai rivalizar diretamente com gigante do varejo (Charles Platiau/ File Photo/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 19 de maio de 2020 às 18h34.

O Facebook entrou de vez na briga do varejo nesta terça-feira (19) em meio à pandemia do coronavírus. A plataforma, chamada de "Loja do Facebook" tem como foco as pequenas empresas, segundo comunicado enviado à imprensa. Com isso, a rede social de Mark Zuckerberg rivaliza diretamente com a Amazon, americana gigante no setor e comandada pelo homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, e com o site americano e-Bay.

A loja permitirá que os vendedores criem vitrines no Facebook e no Instagram, podendo até customizar a aparência do ambiente online. "Isso significa que qualquer vendedor, não importa o tamanho do seu orçamento, pode digitalizar seu negócio e se conectar com clientes onde e da maneira que for mais conveniente para eles", afirma a empresa. Com a ferramenta, os clientes poderão entrar em contato com os lojistas por WhatsApp, Messenger ou Mensagem Direta, no caso do Instagram, para acompanhar as compras feitas.

A plataforma completa estará disponível nos próximos meses. O Facebook também diz que "no futuro será possível ver a loja de uma empresa e comprar diretamente no chat" e que está "investindo em novos recursos", como o Instagram Shop e o compras ao vivo, que serão integrados, em breve, na novidade.

Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Zuckerberg não esconde que sua companhia quer fincar de vez seus pés no varejo. O empresário afirmou que tem planos "acelerados para a Loja para se aproveitar do aumento nas compras online durante a crise da covid-19". Para ele, os dados dos 2,6 bilhões de usuários mundiais na rede social vão funcionar como uma carta na manga --- e os anúncios poderão ficar ainda mais personalizados. "Se você estiver olhando uma loja dentro do seu aplicativo ou se você comprar algo, nós vamos ver isso e vamos poder usar essas informações para te mostrar recomendações melhores de outras coisas que você pode querer no futuro", disse ele ao FT.

O movimento de Zuckerberg é bastante inteligente para a crise. Desde o começo da pandemia, Bezos, da Amazon, ganhou 24 bilhões de dólares enquanto o resto do mundo se afundava, um dos poucos bilionários com aumento na receita nesse período. Uma análise divulgada pelo jornal Wall Street Journal afirma que a varejista teve, em abril, o mesmo volume de pedidos de períodos como o Natal e o dia dos namorados. Em 16 de abril, as ações da empresa tiveram sua maior alta histórica, de 28% ao ano.

A chegada da rede social no varejo pode representar um desafio para a Amazon exatamente pelo tamanho da base de usuários que a acessa diariamente. Mas Zuckerberg não querer parar por aí. Também ao FT, ele afirmou que "a longo prazo poderia ser bom fazer delivery de comidas" --- o que poderia ameaçar diretamente outras empresas do segmento, como a Rappi e o iFood.

O foco do desenvolvimento do novo produto serão os Estados Unidos e a Europa Ocidental.

Em outubro do ano passado, em entrevista à Exame, Yuval Ben-Itzhak, presidente da consultoria de redes sociais Socialbakers, fez uma previsão: "veremos uma função mais ligada ao e-commerce no setor. A rede social pode se tornar a evolução do e-commerce como o conhecemos hoje". Se tudo seguir como o planejado, Ben-Itzhak pode acabar acertando o palpite em cheio.

No quarto trimestre do ano passado, o Facebook registrou lucro líquido de 7,35 bilhões de dólares, um avanço de 7% na comparação com o mesmo período de 2018. À época, a receita da companhia foi de 21,08 bilhões de dólares, com crescimento anual de 25% e acima da previsão de US$ 20,9 bilhões dos analistas.

Há dois anos, o Instagram liberava a função de vendas em seu aplicativo. Em 2013, Zuckerberg comprou a rede social de fotos por 1 bilhão de dólares. Em pouco tempo, tentou comprar o Snapchat (aplicativo que permite envios instantâneos de fotos e a publicação de imagens por apenas 24 horas) --- a compra nao foi bem-sucedida, mas o bilionário saiu da experiência com uma ideia: lançar o Instagram Stories, modelo semelhante ao do Snapchat, que conteve o crescimento do rival. Em 2014 foi a vez de levar o WhatsApp, por 16 bilhões de dólares.

Agora o desafio de Mark Zuckerberg (terceiro homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada de 80,3 bilhões de dólares pela Bloomberg), é integrar tudo e fortalecer (ainda mais), seu império digital.

Acompanhe tudo sobre:Amazone-commerceFacebookmark-zuckerberg

Mais de Tecnologia

Computadores quânticos estão mais perto de nossa realidade do que você imagina

Telegram se torna lucrativo após 11 anos, mas enfrenta críticas globais sobre moderação de conteúdo

Proibição do TikTok nos EUA pode deixar 'buraco' no setor de compras via redes sociais

Irã suspende bloqueio ao WhatsApp após 2 anos de restrições