Coração partido: não é contagioso, nem questão de mapa astral... Segundo pesquisadores da Universidade de Washington, a culpa é das férias familiares (ThinkStock)
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2016 às 22h48.
Não é impressão sua: casais realmente têm a tendência de se separarem ao mesmo tempo. Mais especificamente, existem dois momentos do ano em que o número de divórcios atinge o ápice.
Não é contagioso, nem questão de mapa astral... Segundo pesquisadores da Universidade de Washington, a culpa é das férias familiares.
Os cientistas estavam analisando dados de moradores do estado de Washington (não confundir com a capital dos EUA) para entender os efeitos de longo prazo da crise econômica na vida das pessoas.
Masm quando chegaram nas informações sobre pedidos de divórcio, encontraram um forte padrão, entre 2001 e 2015, que se repetia na maioria dos anos: dois picos na quantidade de separações, um em março e outro em agosto.
A pesquisa relaciona o aumento das separações aos rituais domésticos das famílias. Tanto no hemisfério norte quanto no sul, março e agosto são os meses seguintes às férias, período no qual as famílias geralmente decidem viajar juntas.
De acordo com uma das autoras do estudo, a socióloga Julie Brines, o início do ano é uma época que une expectativa e otimismo. Para os casais que já estão com o relacionamento balançado, uma viagem em família tende a ser associada a ideia de recomeço.
Depois que toda essa antecipação acaba e as resoluções de ano novo já foram abandonadas, os casais percebem que nada mudou de fato e a frustração volta. O mesmo ciclo otimismo-decepção volta a aparecer nas férias escolares de julho.
Os pesquisadores não sabem explicar ainda porque os casais demoram mais tempo para tomar uma decisão em março (já que o mês é relativamente distante da época de festas), mas a hipótese que pretendem testar é que, no início do ano, as pessoas precisam acertar suas finanças antes de abrirem o processo de divórcio.
Já no meio do ano, com as contas em ordem e as crianças voltando para a escola, a sequência de férias e separação é mais rápida.
Outro fator que os cientistas relacionam à descoberta é que as férias e as festas de Natal e Ano Novo são consideradas épocas para curtir a família - e, nessa situação, um pedido de divórcio se torna tabu, mesmo quando as diferenças do casal já são irreconciliáveis.
O estudo tem algumas limitações claras: os dados analisados vinham apenas dos pedidos de divórcio e de guarda parental do estado de Washington e, por isso, a amostra é pequena e os resultados podem refletir só o comportamento local.
No Brasil, por exemplo, as férias de início do ano são mais longas e, para completar, temos o Carnaval, dois fatores que poderiam influenciar o resultado.
Os pesquisadores, porém, já começaram a investigar populações de outros estados americanos - por enquanto, os participantes são Ohio, Minnesota, Florida e Arizona - e a professora Brines já adiantou que os resultados preliminares mostram tendências mais ou menos parecidas. Março e agosto continuam aparecendo como os "grandes vilões" dos relacionamentos.