Pier: startup foi fundada em 2018 pelos ex-estudantes da Unicamp Rafael Oliveira, Igor Mascarenhas e Lucas Prado (André Porto/Divulgação)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 21 de outubro de 2020 às 07h00.
Última atualização em 21 de outubro de 2020 às 15h29.
Startup que atua como uma seguradora de veículos e de smartphones, a Pier recebeu uma nova injeção de capital neste mês. A insurtech levantou 14,5 milhões de dólares em uma rodada de investimentos liderada pelo fundo de capital de risco Monashees. A rodada ainda contou com a a participação da Canary, o MELI Fund (do Mercado Livre), e do banco BTG Pactual. O que os empreendedores de sucesso têm em comum? Inovação será a chave de 2021. Fique por dentro em nosso curso exclusivo.
Conforme apurado com exclusividade pela EXAME, a empresa vinha se reunindo mensalmente com potenciais investidores e o aporte atual foi negociado durante pelo menos seis meses. O dinheiro captado será usado para expandir a operação da empresa, que tem mais de 15 mil clientes em seu seguro para smartphone. A startup já havia recebido outros 7,6 milhões de dólares em uma rodada em março do ano passado.
Com uma lista de espera de mais de 100 mil interessados na contratação dos serviços, a meta é ampliar a base de clientes em 50 vezes nos próximos dois anos. Isso faria a Pier ter, pelo menos, 750 mil clientes em seus serviços. “Existe muito espaço para que a gente cresça com velocidade”, diz Igor Mascarenhas, cofundador e presidente da empresa.
Além de Mascarenhas, a ideia do negócio é também de Lucas Prado e Rafael Oliveira. Na faixa dos 30 anos de idade, os três se conheceram enquanto cursavam a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ainda em 2006. A ideia de montar uma empresa, porém, só veio uma década depois e a operação só saiu do papel mais de uma década depois, em setembro de 2018
A empresa surgiu inicialmente com um seguro para smartphones, que continua sendo o principal negócio. Já o seguro para automóveis, lançado apenas neste ano, ainda está sendo estruturado – mas já em operação. A proteção está disponível somente em São Paulo e Minas Gerais. A previsão é de que o Brasil inteiro seja atendido até o fim do primeiro semestre do ano que vem.
A escolha por competir em um mercado mais disputado contra gigantes do setor se dá pela demanda dos consumidores. Atualmente, mais de 70% da frota de automóveis no Brasil não tem seguro, segundo o executivo. O público-alvo da companhia, assim, tem sido clientes que nunca realizaram a contratação de um seguro. Mais de 40% dos clientes da startup se encaixam neste perfil.
Ao contrário de muitas seguradoras tradicionais, a Pier aposta no uso de tecnologias de inteligência artificial para facilitar a contratação da proteção e o reembolso de forma mais rápida e simples. Desta forma, todo o processo pode ser feito pela internet e leva poucos minutos.
A Pier não abre números do negócio, mas é sabido que a empresa ainda não dá lucro. O que se sabe é que o dinheiro chega como um refresco mais do que bem-vindo. A companhia estava apreensiva com os efeitos da crise do novo coronavírus nos investimentos. Em junho, Mascarenhas declarou que havia “uma perspectiva menos favorável para levantar recursos por conta da dificuldade de acessar os fundos de capital de risco”.
Para ganhar dinheiro, a Pier aposta em um modelo de negócios em que atuava em parceria com uma seguradora, a Too Seguros e ficava com 20% do valor das mensalidades. O negócio passou por uma mudança neste mês, com a aprovação da startup no programa Sandbox, desenvolvido pela graças a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Agora é a própria Pier que faz todo o processo de subscrever riscos de forma independente.
Apesar de usar inteligência artificial para facilitar o processo de cotação e de reembolso, a companhia não se apoia totalmente na tecnologia. Mascarenhas explica que é necessário investir em empatia. Por isso, todo o atendimento ao cliente da companhia é feito por pessoas. A prática é elogiada entre clientes, que já receberam 5,6 milhões de reais em reembolsos.
Um dos principais diferenciais está em relação ao preço. O valor de um seguro tanto para smartphone como para veículo pela Pier pode custar menos de 100 reais por mês. O valor é mais baixo porque o seguro não cobre danos causados ao veículo ou ao celular e é mais focado na proteção contra o roubo e furto tanto do carro como do smartphone.
Há planos para atacar estas demandas. “Há uma curva de expansão dentro dos produtos atuais. Queremos resolver todas as demandas dos usuários”, afirmou Mascarenhas. Não há previsão, entretanto, de quando isso vai acontecer. O foco agora é otimizar a operação nos serviços em que a companhia já oferta, até mesmo pela necessidade de lidar com a fila de espera.
Em simulações realizadas no site da companhia, o valor mensal para o seguro de um smartphone Galaxy S20 Plus, da Samsung, ficou entre 78,10 e 120,20 reais por mês, de acordo com o valor da cobertura escolhido, 80% ou 100% do valor do aparelho seminovo, cotado em 4.800 reais. O seguro cobre roubo e furto do aparelho.
Já o seguro de um veículo HB-20, da Hyundai, comprado em 2014, ficou em 91,07 reais por mês com cobertura de 100% da tabela FIPE que avalia o automóvel em 34.471 reais. A cobertura vale para casos de roubo ou furto do carro e para serviços de assistência 24 horas, como falta de combustível, troca de pneu, guincho, chaveiro, entre outros.