(Reprodução/Bloomberg)
Lucas Agrela
Publicado em 8 de novembro de 2018 às 15h18.
Última atualização em 9 de novembro de 2018 às 17h46.
Uma agência reguladora da aviação dos EUA planeja determinar que as empresas aéreas observem o alerta emitido pela Boeing a respeito de como os pilotos devem lidar com falsas leituras de um sensor de avião como as que ocorreram, segundo as autoridades, em um jato 737 Max que caiu na costa da Indonésia, na semana passada.
A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês) emitiu comunicado nesta quarta-feira afirmando que planeja emitir uma diretiva de aeronavegabilidade sobre a questão e que “tomará novas medidas apropriadas dependendo dos resultados da investigação”. A FAA notificou também outras agências reguladoras de todo o mundo, que normalmente seguem a liderança da agência americana em questões de segurança.
O boletim do manual de operações foi emitido na terça-feira, informou a Boeing em comunicado postado no Twitter, e pede que a tripulação use as diretrizes existentes ao lidar com entradas errôneas do chamado sensor de ângulo de ataque. Esse sensor é projetado para manter o fluxo de ar sobre as asas do avião, mas quando apresenta defeito pode gerar o chamado estol aerodinâmico -- o que pode fazer com que a aeronave mergulhe abruptamente.
A Bloomberg News noticiou anteriormente que a Boeing estaria se preparando para emitir um alerta a operadores do jato 737 Max em resposta à investigação sobre a queda de um avião da Lion Air, em 29 de outubro, em que morreram 189 pessoas.
O boletim é baseado nas conclusões preliminares do desastre da Lion Air, segundo havia dito anteriormente uma pessoa a par do assunto à Bloomberg. Em algumas circunstâncias, por exemplo quando os pilotos conduzem o voo manualmente, os jatos Max tentam automaticamente empurrar o nariz da aeronave para baixo se detectarem a possibilidade de um estol aerodinâmico, disse a pessoa. Uma das formas básicas de um avião determinar a iminência de um estol é a medição do ângulo de ataque.
O avião 737 Max 8 da Lion Air caiu no mar de Java minutos após decolar do aeroporto de Jacarta, em um mergulho de nariz tão repentino que pode ter atingido uma velocidade próxima a 1.000 quilômetros por hora antes de bater na água. Momentos antes, os pilotos se comunicaram por rádio com terra pedindo para voltar para Jacarta, mas nunca efetuaram o retorno em direção ao aeroporto, segundo o Comitê Nacional de Segurança nos Transportes da Indonésia e dados de monitoramento do voo. O comitê informou que os pilotos lidaram com uma indicação equivocada da velocidade.
A investigação a respeito do que ocorreu com o avião da Lion Air “está em andamento e a Boeing continua cooperando plenamente e fornecendo assistência técnica a pedido e sob a direção de autoridades do governo que investigam o acidente”, informou a empresa em comunicado.
O jato relatou uma discrepância em seu sensor de ângulo de ataque durante um voo de Bali a Jacarta no dia anterior ao acidente. O dispositivo foi substituído em Bali depois que os pilotos relataram um problema com a leitura da velocidade, disse o órgão regulador da segurança de transporte da Indonésia nesta quarta-feira.
Fabricantes de aeronaves e de motores costumam enviam boletins às empresas aéreas ressaltando medidas de segurança e ações de manutenção que devem ser tomadas, a maioria delas relativamente rotineiras. Mas a urgência de um acidente fatal pode desencadear uma onda de avisos do tipo.