Computador (AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2014 às 14h11.
Grupos terroristas têm expandido sua presença online com o uso crescente de redes sociais, dificultando a prevenção de atentados, de acordo com um estudo divulgado nesta quarta-feira.
Realizado pelo centro de pesquisa Woodrow Wilson, de Washington, o estudo mostrou que organizações como a Al-Qaeda passaram a usar redes sociais como Youtube, Twitter, Facebook e Instagram.
"Todas as organizações terroristas estão online, usando diversas plataformas", afirmou o autor, Gabriel Weimann, professor de comunicação na Universidade de Haifa.
"Do ponto de vista de um terrorista, (as mídias sociais) possibilitam uma vantagem importante: o anonimato", disse Weimann no evento de lançamento da pesquisa.
As páginas na internet são usadas para recrutamento, publicidade, arrecadamento de fundos e até mesmo treinamento - sobre como construir uma bomba, por exemplo.
Weimann, que estuda a comunicação de terroristas há anos, explicou que existiam somente 12 sites desse tipo em 1998, enquanto hoje são cerca de 1.000, incluindo fóruns e salas de bate-papo.
Esses grupos "nunca inventaram nada" online, ressaltou, mas se aproveitaram da liberdade da rede para seus propósitos. Um exemplo é a revista digital "Inspire", em inglês, que visa recrutar e treinar militantes.
- Conexão com os jovens -
A internet facilita a busca de interessados e é um meio de se conectar com os mais jovens, diz o texto, ao enumerar as razões para os terroristas usarem as mídias sociais.
"Em primeiro lugar, esses canais são, de longe, os mais populares com sua audiência planejada", afirma o estudo. "Segundo, mídias sociais são amigáveis com os usuários, confiáveis e livres. Finalmente, as redes permitem aos terroristas alcançar sua audiência e 'bater em suas portas' virtualmente, ao contrários de outros modelos de sites, quando era preciso esperar os visitantes vir até eles".
Weimann explica ainda que a internet permite aos terroristas manterem vivos seus heróis, como Anwar al-Awlaki, líder islâmico morto em 2011 por um drone (avião sem piloto) americano.
O Youtube simplificou o envio de vídeos, como de sequestros e assassinatos, exemplifica o estudo.
Já o Twitter é usado para acompanhar ao vivo atentados, como o ataque ao shopping Westgate, em Nairóbi, no Quênia, em 2013.
Para Weimann, tentar bloquear essas atividades seria inútil. O melhor a ser feito, sugere, é monitorá-las, e aprender com elas.
O professor afirmou que é preciso sofisticar os programas de vigilância, como os usados pela Agência de Segurança Nacional (NSA) americana, mas mantendo a privacidade dos cidadãos.
"Há uma necessidade crucial de monitorar" os terroristas, reconheceu, mas "tudo isso precisa ser regulado", ressaltou.