Elon Musk durante o evento de apresentação do robotáxi da Tesla, acusado de usar imagens inspiradas em "Blade Runner 2049" sem permissão. (Tesla/Reprodução)
Redator na Exame
Publicado em 22 de outubro de 2024 às 13h04.
O estúdio de cinema Alcon Entertainment está processando Elon Musk e a Tesla por suposto uso não autorizado de imagens inspiradas no filme “Blade Runner 2049” durante o evento de lançamento de um robotáxi totalmente autônomo no início de outubro. O processo foi aberto após a produtora, responsável por longas como “Um Sonho Possível”, alegar que negou permissão à Tesla para utilizar imagens do longa-metragem, mas que, ainda assim, a empresa de Musk seguiu em frente com o uso.
O evento, que aconteceu no dia 10 de outubro, foi chamado de “We, Robot”, em uma possível referência ao livro de Isaac Asimov ou ao filme de 2004. A Tesla revelou um veículo autônomo que não possui volante ou pedais, e que, segundo a Alcon, foi apresentado com uma imagem gerada por inteligência artificial, similar a uma cena de “Blade Runner 2049”, na qual o personagem de Ryan Gosling observa um mundo apocalíptico.
De acordo com a Bloomberg, o processo menciona que a Tesla só teria solicitado permissão para o uso das imagens no mesmo dia do evento, sem tempo hábil para uma autorização formal. A Alcon, Tesla, Elon Musk e a Warner Brothers Discovery, que sediou o evento, foram listados como réus no processo de violação de direitos autorais.
Elon Musk é um conhecido fã de “Blade Runner”, o clássico de ficção científica de 1982. Ele já fez várias referências ao filme quando discutia o design da Cybertruck, o carro futurista da Tesla, afirmando que queria criar um veículo “cyberpunk, ao estilo de ‘Blade Runner’”. Em 2019, Musk chegou a compartilhar o link da abertura do filme original em suas redes sociais. “Blade Runner 2049”, dirigido por Denis Villeneuve, é a sequência do longa original.
Durante a apresentação do robotáxi, Musk mencionou que “ama” o filme, mas ponderou que não gostaria de viver no tipo de futuro distópico retratado na obra. A Alcon, no entanto, declarou que a inclusão das imagens foi uma tentativa “maliciosa” de Musk para atrair mais atenção ao evento e associar a Tesla a uma marca de sucesso de Hollywood, especialmente em um momento em que Tesla e Musk enfrentam dificuldades em manter boas relações com a indústria do entretenimento.
A produtora afirma que negou a solicitação da Tesla por temer que a associação com Musk, que se envolveu em diversas controvérsias políticas nos últimos anos, pudesse prejudicar a reputação da marca “Blade Runner”. Musk, que é fundador da Tesla e da SpaceX, tem sido um apoiador vocal de Donald Trump e está cada vez mais envolvido em questões políticas, o que levou a Alcon a se distanciar de qualquer vínculo com o bilionário.
A Alcon também mencionou em sua ação que a falsa associação entre a Tesla e “Blade Runner 2049” pode causar confusão no mercado, uma vez que a produtora está em negociações com outras marcas automotivas para o desenvolvimento de uma nova série da franquia, “Blade Runner 2099”, que será transmitida pela Amazon.
“Os danos à nossa marca já estão amplificados e irreparavelmente enredados no cenário midiático global”, afirmou a Alcon no processo. A produtora destacou ainda que os réus sabiam que essa confusão inevitavelmente aconteceria, o que agravou o impacto sobre a franquia “Blade Runner”.