(Lucas Agrela/Site Exame)
Lucas Agrela
Publicado em 26 de agosto de 2017 às 12h00.
Última atualização em 26 de agosto de 2017 às 14h31.
São Paulo – A Netflix é um dos serviços de transmissão de vídeos online mais populares do planeta. Em horários de pico, a plataforma representa cerca de um terço do tráfego de internet nos Estados Unidos, um dos países mais conectados.
Manter um serviço como esse no ar e seguro contra ataques virtuais é uma missão complexa. Se a conexão entre o seu dispositivo e o servidor da Netflix fosse direta, qualquer problema no trajeto dos EUA para o Brasil percorrido pelo conteúdo via internet tornaria indisponível a transmissão da sua série preferida. Além disso, a conexão com os servidores da empresa ficariam congestionadas e inviabilizaria a transmissão na velocidade que a temos hoje.
Outro problema ao qual estaria sujeita seriam invasões de hackers. Bastaria um ataque bem-sucedido para indisponibilizar todo o vasto acervo de conteúdo da Netflix em âmbito global.
Por isso, em 2011 a Netflix criou a sua própria rede de distribuição de conteúdo, com bases em diversos países, com servidores com redundância e controle de tráfego. Com isso, a empresa mata dois problemas com um só golpe: tem vários backups de todo seu conteúdo e ainda coloca eles em regiões próximas aos pontos de acesso para evitar atrasos ou lentidão de transmissão.
Para oferecer acesso ao seu site e procura de conteúdo, a Netflix tem servidores terceirizados na Amazon Web Services, o braço de infraestrutura de TI da Amazon. Conforme necessário, a quantidade de servidores é ampliada, por exemplo, para atender bem os clientes durante horários de pico.
Agora, a partir do momento em que você clica em "play" na Netflix, você irá acessar um hardware da empresa que fica nos servidores da sua operadora de internet. Ele é chamado Open Connect Appliance e conta com uma cópia do acervo de conteúdo da empresa. Além de oferecer acesso direto aos vídeos, isso poupa dinheiro para a empresa. A conexão seria feita via cabos submarinos se viesse diretamente dos Estados Unidos e é um processo caro para o volume de transmissões que a companhia precisa realizar para atender aos seus assinantes.
Com o Open Connect Appliance, isso é feito apenas uma vez e fora de horários de pico para evitar sobrecarga nos servidores das operadoras. Isso também ajudava a evitar problemas de tubarões mordendo cabos de internet no fundo do mar–antes deles ganharem blindagem contra os animais, claro.
https://www.youtube.com/watch?v=XMxkRh7sx84
Ou seja, na semana passada, quando a Netflix lançou a primeira temporada de Os Defensores, da Marvel, os 10 episódios foram transferidos para os OCA nas operadoras.
Com mais de mil desses aparelhos instalados nos equipamentos das operadoras de internet em todo o mundo, cerca de 90% do tráfego global da empresa é fornecido diretamente pelos provedores locais. Essa medida também aumentou a velocidade de transmissão online. Em vez dos 8 Gbps oferecidos por um servidor em 2012, a empresa conseguia oferecer 90 Gbps em 2016. Isso permite que aproximadamente 13 mil pessoas vejam com qualidade vídeos em HD na plataforma da empresa.
Por conta dessa maneira de oferta de conteúdo, a Netflix conta com rankings de velocidade de internet, divididos por operadoras, em diversos países–incluindo o Brasil.