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Espionagem e limites do Estado são tema de "Closed Circuit"

Nova York - No meio do escândalo provocado pelas revelações de Edward Snowden sobre a espionagem dos Estados Unidos, o filme 'Closed Circuit' chegou esta semana aos...

closed circuit (Reprodução)

closed circuit (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h26.

Nova York - No meio do escândalo provocado pelas revelações de Edward Snowden sobre a espionagem dos Estados Unidos, o filme "Closed Circuit" chegou esta semana aos cinemas para levantar com inteligência questões sobre quem controla e o que vigiam os Estados.

A realidade deu ainda mais atualidade e sentido ao longa, já que a difusa linha que separa o bem e o mal está mais confusa do que nunca. Apesar do timing, este filme britânico, que estreou quarta-feira em Estados Unidos, Canadá e Japão, foi rodado muito antes das denúncias de Snowden e da detenção do brasileiro David Miranda em um aeroporto de Londres.

Partindo do processo judicial contra o suposto responsável por um atentado terrorista de enorme magnitude em Londres, o filme mostra sessões secretas de um tribunal, a vigilância extrema sobre os advogados e situações que caberiam em "O Processo", de Franz Kafka.

Os advogados, interpretados pelo australiano Eric Bana e pela britânica Rebecca Hall, tentarão cumprir a missão, mas nada é o que parece neste mundo contemporâneo onde se cruzam terroristas, serviços secretos, agentes infiltrados e governantes.

"O filme coloca algumas questões sobre a natureza da democracia moderna, como o limite que os cidadãos darão ao governo para proteger sua segurança", declarou o diretor, o irlandês John Crowley.

Para Bana, "não há dúvida" que o caso Snowden e todas as suas consequências "tornam nosso filme mais relevante". Trata-se da "tensão entre a noção que não queremos que nos espionem, mas queremos que nos protejam. É um assunto muito complicado", se esquiva Rebecca.

O papel fundamental da imprensa nas revelações de Snowden aparece também aqui, pelas mãos da correspondente americana interpretada por Julia Stiles.

Crowley, diretor de teatro premiado em seu país, mas com um curto currículo cinematográfico que incluiu até agora curta-metragens, consegue habilmente não sucumbir a tentação dos fogos de artifício tradicionais de Hollywood, com perseguições, explosões e tiroteios.

Ao contrário, a história flui em torno das descobertas feitas pelos protagonistas sem adereços externos. "Tentei fazer um "thriller" inteligente, que não dependa da ação para ter poder dramático, mas confie na inteligência do espectador", explicou o diretor.

E Rebbeca e Bana concordam com o diretor da importância disso. Para ela se trata de um filme "sobre conceitos e coisas que são relevantes saber e não sobre a ação", enquanto Bana aposta por "manter a integridade dos personagens e da história", já que não faria sentido os dois advogados saberem artes marciais ou manejar uma arma.

A atmosfera obscura criada pela excelente fotografia do brasileiro Adriano Goldman destaca a onipresença de câmeras de vigilância e policiais que patrulham armados até os dentes pelas ruas de Londres.

"Tudo isto aumenta o nível de paranoia e de tensão", contou Bana, para quem a fotografia "é um personagem a mais".

Crowley, que reconhece os aspectos "kafkanianos" em seu filme, como as sessões secretas no tribunal, acredita que o público, especialmente o americano, acostumado a filmes patrióticos ou de conspirações irreais, aceita uma produção que oferece uma abordagem crítica, mas realista, ao poder.

"Acho que é um tipo de filme que tem estado ausente de nossas telas", acrescentou o diretor, por ter uma pegada "diferente de um "thriller" habitual".

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