O Stuxnet foi criado por israelenses e americanos para sabotar o programa nuclear iraniano (Ho/AFP)
Maurício Grego
Publicado em 13 de abril de 2012 às 10h51.
São Paulo — Já é fato conhecido que o vírus computacional Stuxnet, que se espalhou pelo mundo em 2010, foi criado por israelenses e americanos para sabotar as instalações nucleares do Irã. Agora, o site especializado em segurança ISSSource revela mais um detalhe dessa história: o vírus não foi simplesmente solto na internet. Ele foi implantado diretamente nos computadores iranianos por um agente a serviço de Israel.
O ISSSource diz ter recebido a informação de um ex-agente americano. Segundo ele, Israel tem uma série de agentes duplos no Irã. São normalmente iranianos descontentes com o governo local que resolvem ajudar os israelenses. Eles são treinados e pagos pelo Mossad, o serviço secreto de Israel.
Alguns desses agentes assassinaram cientistas envolvidos no programa nuclear iraniano. Um deles teria sido encarregado de implantar o Stuxnet nos computadores da central nuclear de Natanz. Ele usou um pen drive com o vírus para levá-lo ao coração do programa nuclear iraniano.
Pelo que se sabe, o Stuxnet danificou cerca de mil ultracentrífugas usadas para enriquecer urânio. Em outubro de 2010, o governo do Irã chegou a divulgar que havia prendido espiões relacionados com o caso Stuxnet. Segundo o ex-agente ouvido pelo ISSSource, os americanos colaboraram com os israelenses, mas nunca aprovaram o assassinato de cientistas.
Vírus profissional
O Stuxnet é trabalho de profissionais e é muito diferente de outros programas nocivos que circulam na internet (como o Flashback que atingiu os computadores Mac, da Apple, nas últimas semanas). Antes dele, os americanos, em várias ocasiões, usaram vírus computacionais contra os soviéticos (nos tempos da Guerra Fria) e os iraquianos (em 1991). Mas nenhum foi tão bem sucedido quanto o Stuxnet.
O vírus age apenas nos equipamentos iranianos que controlam as ultracentrífugas. Pode até usar outros computadores para se espalhar, mas não causa danos a eles. Quando chega a seu alvo, ele acelera as máquinas, fazendo com que trabalhem sobrecarregadas até quebrar.
Acredita-se que a sabotagem atrasou o programa nuclear iraniano em cerca de um ano. Como isso aconteceu em 2010, pode-se supor que as máquinas danificadas já tenham sido consertadas e que a produção de urânio siga a todo vapor em Natanz.