Carnaval: o Brasil ocupa o segundo lugar, em ranking que aponta índice de pessoas que já sofreram algum tipo de fraude envolvendo cartões de crédito ou débito (klebercordeiro/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 22 de fevereiro de 2020 às 09h30.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2020 às 09h30.
Rio de Janeiro — Durante o Carnaval, o celular é um dos grandes companheiros do folião. Seja para registrar o momento nas redes sociais, comunicar-se com amigos, realizar pagamentos por aproximação ou pedir um transporte particular por aplicativo. Os especialistas alertam, no entanto, para o cuidado com o uso de redes de wi-fi públicas que podem ser armadilhas de hackers para capturar os dados e aplicar golpes.
O Brasil ocupa o segundo lugar, em ranking que aponta índice de pessoas que já sofreram algum tipo de fraude envolvendo cartões de crédito ou débito, segundo dados de estudo divulgado pela empresa ACI WorldWide. O México figura na primeira posição e Estados Unidos o terceiro lugar.
Sem proteção na conexão, não é recomendável fazer qualquer tipo de transação usando cartões bancários ou preenchimento de dados pessoais e senhas. Antes de cair na folia, o ideal é blindar o celular para não ser alvo de ataques cibernéticos, alerta Marcus Garcia, vice-presidente de produtos da FS, desenvolve produtos e serviços de segurança digital.
— O carnaval é um evento que junta muita gente em pequenos espaços que chama atenção de hackers. É comum fraudadores criarem redes com nomes similares a estabelecimentos ou operadoras para capturar as informações dos usuários. Dessa forma, eles invadem os aparelhos e podem capturar dados pessoais, senhas e clonar aplicativos de mensagens. Redes públicas são portas de entrada para golpes e fraudes.
A professora Denise Lugli, de 38 anos, foi vítima de uma fraude cibernética em São Paulo. Quando ia do trabalho para casa, acessou a rede de wi-fi pública do metrô e teve sua conta de streaming hackeada.
— Fiquei 15 minutos conectada para assistir a um vídeo e poupar o uso de dados móveis do celular. O sinal lá é muito bom e eu já tinha acessado outras vezes. Mas quando cheguei em casa, vi que minha conta tinha sido alterada. Contactei a empresa e identificamos uma mudança no acesso na parte da tarde.
Lugli conta que no período em que navegou na rede pública, utilizou apenas os aplicativos do Youtube e Facebook.
— Cuidamos muito de notebook ou do computador em casa, mas não nos preocupamos tanto com o celular. Se a pessoa tivesse "hackeado" em um nível mais profundo eu teria um prejuízo e muita dor de cabeça porque minha vida é toda digital. Está tudo no celular. Após o episódio, parei de acessar wi-fi público e coloquei autenticação de dois fatores nos aplicativos.
Marcus Garcia explica que, para se proteger, o ideal é realizar as transações que envolvem pagamento com cartões e preenchimento de dados pessoais na rede móvel própria do celular.
— Ao acessar uma rede desconhecida, a pessoa está abrindo portas e facilitando a ação dos hackers que observam os dados que estão trafegando nesses ambientes, na busca por alguém vulnerável.
Nem sempre a bateria do aparelho aguenta até o final da folia. Outro ponto de atenção durante o carnaval são os totens móveis para recarga de bateria.
— Quando você conecta o USB no seu celular, pode tanto ter uma tomada de energia ou um computador. Os celulares perguntam o que você quer fazer. O totem deve te dar energia. Se ele te pedir autorização de qualquer coisa, já é um motivo de suspeita — alerta Marcus.
Redes de wi-fi públicas: acessar uma delas, seja em bares, restaurantes, farmácias, pode abrir portas para os golpes. Há casos de pessoas que conectaram o aparelho em uma dessas redes para checar seus e-mails e receberam a fatura do cartão com compras realizadas exatamente naquela data, horário e local. Cuidado também com as mensagens do seu grupo de amigos com links sem explicação.
Links e sites: como estará em momento de festa é bom tomar cuidado com mensagens que receber insinuando que há fotos ou promoções. Ali pode haver algo malicioso para roubo de dados ou até mesmo do próprio Whatsapp.
Senhas e códigos: não acesse nada que solicite suas senhas ou a digitação de códigos em seu celular durante o carnaval. Você pode passar seus dados pessoais e bancários para um hacker de plantão, que te ‘pescou na rede’.
Check-in: em alguns locais é necessário fazer o check in para acessar internet gratuita. Muito cuidado ao avisar a turma que você já chegou à concentração ou está no local combinado. Ao preencher qualquer tipo de informação para o acesso, você pode ter os ‘dados sequestrados’ de seu celular. Prefira uma chamada ou mensagem para avisar que já está no local combinado.
Apps: neste período serão criados inúmeros aplicativos para acompanhar roteiros, festas e diversas atividades relacionadas ao carnaval. Desconfie dos apps que oferecem descontos e promoções tentadoras e agressivas. É importante não baixar no dispositivo um aplicativo que não esteja no Play Store (Google) ou App Store (Apple).
Redes Sociais: desconfie de ofertas muito agressivas. Nunca abra links recebidos. O ideal é digitar o endereço do site que pretende acessar para certificar de que não está em ambiente falso. Nesses casos, os criminosos criam as propagandas como se fossem da loja original e o consumidor acaba não percebendo que será levado para outro onde todos os dados pessoais serão acessados e utilizados para diversos fins.
Whatsapp: mais uma porta de entrada para os criminosos, o aplicativo oferece risco. Este também é o período de recebimento de mensagens sobre prêmios e promoções. As tentativas de ataques ocorrem geralmente, a partir de um envio de links maliciosos que induzem as pessoas a informar todos os seus dados.