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Escândalo do Facebook isola Zuckerberg no setor de tecnologia

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, encontrou poucos defensores no setor de tecnologia

Mark Zuckerberg: CEO do Facebook não ganhou apoio de seus pares do Vale do Silício (Stephen Lam/Reuters)

Mark Zuckerberg: CEO do Facebook não ganhou apoio de seus pares do Vale do Silício (Stephen Lam/Reuters)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 3 de abril de 2018 às 14h32.

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, encontrou poucos defensores no setor de tecnologia.

Tim Cook, CEO da Apple, Elon Musk, CEO da Tesla, e Marc Benioff, CEO da Salesforce.com, criticaram a rede social pelo escândalo dos dados de usuários que envolveu a empresa de propaganda política Cambridge Analytica. Outros líderes da tecnologia permaneceram omissos diante das reações contra o Facebook, em contraste com a prática habitual do Vale do Silício de se unir durante grandes crises.

O Facebook tentou reparar os danos à sua imagem pública e confiança com mais de 2 bilhões de usuários depois que foi noticiado que a Cambridge Analytica obteve dados sobre 50 milhões dessas contas nos EUA. Enquanto Zuckerberg, de 33 anos, enfrenta pedidos para prestar depoimento diante do Congresso dos EUA e legisladores propõem novas regulamentações sobre a tecnologia, seus colegas ficaram calados ou criticaram publicamente a empresa.

Em épocas de crise, as companhias de tecnologia algumas vezes se uniram para defender o setor, como quando a Apple enfrentou o FBI para proteger um iPhone criptografado e diante da proposta do presidente Donald Trump de proibir a imigração oriunda de países de maioria muçulmana, no ano passado.

"Proteger a privacidade é bom para os negócios agora", disse Gennie Gebhart, pesquisadora da Electronic Frontier Foundation, uma organização que defende a privacidade digital. "Os usuários estão observando outras grandes personalidades do setor tecnológico, como Tim Cook e Elon Musk, para ter certeza de que não estejam fazendo o que o Facebook fez."

Quando a Apple enfrentou uma tentativa do FBI de acessar um iPhone criptografado, o Facebook se juntou ao Google, da Alphabet, à Microsoft e a outras grandes empresas de tecnologia para apoiar a posição de Cook. Ainda assim, executivos da Apple, incluindo Steve Jobs, haviam criticado os modelos de negócios baseados em publicidade das empresas de internet.

Cook foi questionado sobre a crise de privacidade do Facebook no mês passado e pediu uma regulação mais forte dos dados do usuário. Depois, em entrevista à Recode e à MSNBC, Cook disse que "não estaria nessa situação" se ele estivesse no lugar de Zuckerberg. Enquanto o Facebook ganha dinheiro vendendo anúncios direcionados com base nos dados dos usuários, o lucro da Apple vem de produtos de hardware, como iPhone, iPad e Mac.

Zuckerberg respondeu em uma entrevista concedida à Vox, publicada na segunda-feira: "Acho que o argumento - de que, se você não estiver pagando, não podemos nos importar com você - é extremamente simplista e nem um pouco alinhado com a realidade."

As críticas de outras empresas do setor podem revelar uma diferença de atitude entre as redes sociais e os outros tipos de empresas de tecnologia, que não dependem dos dados pessoais para ganhar dinheiro com publicidade.

Como as empresas de rede social precisam aproveitar os dados dos usuários para vender melhor aos anunciantes, fica mais difícil prometer privacidade e manter um modelo de negócios sólido.

Gebhart disse que a privacidade está se tornando cada vez mais um argumento de venda para os usuários de tecnologia, mas, para as empresas de rede social, o abuso dos dados é uma característica, não um erro.

"Trata-se de todo o modelo de negócios que se baseia em vigilância na internet e em publicidade", disse ela. "O Facebook é simplesmente o pior ou o melhor nisso, dependendo de sua opinião sobre a vigilância."

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