Ericsson: aquisição de US$ 1,15 bi reforça atuação da companhia no segmento de software de telecomunicações (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2011 às 16h32.
Brasília - Com receio de ficar de fora de parcela importante dos investimentos necessários para a implantação da rede de celulares de 4ª geração no Brasil, a Ericsson pediu ontem ao governo que não haja restrições ao uso de equipamentos cujo desenvolvimento tecnológico tenha se dado em parte fora do País.
A empresa sueca é líder mundial no fornecimento de equipamentos de redes de telefonia, com 40% do mercado global, mas corre o risco de não poder ter a mesma penetração no 4G brasileiro, cuja faixa do espectro eletromagnético - de 2,5 gigahertz (Ghz) - deve ser licitada em abril de 2012.
Apesar de o edital para esse leilão ainda não estar definido, o medo da Ericsson é baseado em um artigo da proposta de edital de outra faixa do espectro, conhecida como WiMAX (3,5 Ghz), voltada para a banda larga sem fio de grande alcance. Pela proposta, que ainda está na fase de consulta pública, as operadoras teriam de se comprometer a utilizar pelo menos 30% de equipamentos não apenas fabricados, mas também desenvolvidos inteiramente no País.
Após encontro com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o presidente da Ericson na América Latina, Sérgio Quiroga da Cunha, disse que se essa exigência também for colocada para o leilão dos celulares 4G, a companhia não conseguirá entrar nessa fatia das redes. "Viemos mostrar o compromisso que temos em trazer a tecnologia de quarta geração para o País", afirmou o executivo.
A Ericsson até mantém um centro de pesquisa e desenvolvimento com mais de 500 funcionários, no qual já foram investidos mais de R$ 1 bilhão desde 2001. O problema da companhia nesse caso está na divisão do processo de inovação com outras 15 unidades espalhadas pelo mundo. Desta forma, os equipamentos fabricados na planta brasileira não são inteiramente desenvolvidos no País.
Incentivos
Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, que também se encontrou com o ministro Paulo Bernardo, ontem, afirmou ser a favor de incentivos maiores para produtos que, além de serem fabricados no Brasil, também sejam inteiramente desenvolvidos no País.
"Acho que o governo está fazendo uma medida certa. No país onde a Ericsson é sediada (Suécia), eles fazem a política que querem. Em minha opinião, se eles querem estar aqui, que se adaptem às regras", afirmou, apesar da própria companhia estar afiliada à Abinee.
Barbato visitou o ministério para conhecer melhor a proposta do governo de desoneração de PIS e Cofins da construção de redes de fibras ópticas do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Segundo Barbato, Paulo Bernardo garantiu que os incentivos só valerão para os equipamentos fabricados no País e serão maiores nos casos em que haja pesquisa e desenvolvimento local.