Fontes alternativas: apesar do crescimento da geração eólica, a energia solar deve ganhar força em usinas e na casa dos consumidores (iStockphoto)
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2016 às 18h25.
Última atualização em 6 de julho de 2017 às 15h55.
A dependência brasileira de hidrelétricas para a produção de energia parece estar com os dias contados. Em 25 anos, a matriz do país mudará radicalmente com a ajuda de fontes alternativas, como a eólica e a solar. Essa é a conclusão do relatório New Energy Outlook 2016, produzido pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF).
A diversificação da matriz energética é ainda mais importante diante da previsão feita pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE): a demanda por eletricidade no Brasil vai triplicar até 2050. Teremos, até lá, um consumo similar ao de toda a União Europeia. As hidrelétricas produzem, hoje, 61% da energia do país, o que gera uma dependência perigosa diante das secas que têm atingido várias regiões nos últimos anos.
É por isso que fontes alternativas têm conquistado relevância nos últimos anos. “Estamos transitando de uma matriz que era fortemente hidráulica para uma matriz bem mais diversificada”, afirma Ennio Peres da Silva, professor do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) especializado em fontes renováveis de energia.
Para garantir que todos tenham acesso à eletricidade, investimentos vêm sendo feitos nos últimos anos para aprimorar a geração e a transmissão de energia elétrica. A tecnologia tem impulsionado esse processo de diversificação. Entre as fontes de geração de energia alternativa estão as usinas termelétricas a gás, que representam 9% da matriz e têm sido uma opção de investimento para suprir a demanda de energia do país com ajuda de sistemas que operam com alta eficiência.
Usinas nos estados de Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro, por exemplo, são pioneiras na utilização de gás natural com ajuda da tecnologia de última geração. O processo é feito com um sistema chamado de ciclo combinado, que faz uso de equipamentos de alto desempenho para conseguir um maior rendimento no aproveitamento da energia contida no gás, hoje ultrapassando a barreira dos 60%. Assim, com uma geração térmica mais eficiente, diminui a emissão de gases geradores do efeito estufa, uma preocupação mundial.
Veja o exemplo da usina Fortuna, que fica às margens do Rio Reno, na Alemanha. Ela começou a funcionar em janeiro deste ano com a tecnologia de ciclo combinado e bateu, em pouco tempo, o recorde mundial de produção de energia elétrica. Além disso, atingiu 61,5% de eficiência na geração dessa energia. Em termos de emissões médias, isso significa uma economia de cerca de 2,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, o que equivale à poluição gerada por 1,25 milhão de automóveis de passageiros, cada um rodando 15 000 quilômetros por ano.
A previsão do relatório New Energy Outlook 2016 é que os preços para a produção de energia com carvão, gás e petróleo continuarão baixos em todo o mundo. Mas haverá um declínio ainda maior nos custos das modalidades eólica e solar, o que deve impulsionar essas fontes limpas na produção de eletricidade. Deverão ser investidos, em todo o mundo, 7,8 trilhões de dólares em energias renováveis nos próximos 25 anos. “As instalações de plantas eólicas no Brasil vão pular de 8 gigawatts, em 2015, para 47 gigawatts em 2040”, diz Lilian Alves, diretora para América Latina da BNEF.
Apesar do alto crescimento da geração eólica, a fonte alternativa com maior potencial de expansão no Brasil é a energia solar, que deve ganhar força não apenas em usinas, mas também na casa dos consumidores. É possível produzir sua própria energia com a instalação de painéis fotovoltaicos no telhado de casa, por exemplo. Esse conceito leva o nome de geração distribuída. “O Brasil terá 28 gigawatts de plantas solares de geração centralizada instaladas. Na geração distribuída, esperamos ter 97 gigawatts de pequenos sistemas solares no país inteiro até 2040”, afirma Lilian. “Isso representa por volta de 9,5 milhões de casas.”
A geração distribuída já é uma tendência em países como Austrália, Alemanha e Estados Unidos. No Brasil, o número de instalações já ultrapassa 3 500, sendo que o ano passado fechou com 1 785. A popularização dos painéis solares condiz com uma pesquisa da consultoria Accenture: oito em cada dez brasileiros estão interessados em ser autossuficientes na geração de eletricidade.
Gerar sua própria energia em casa com a ajuda do Sol, guardar o excedente em baterias para usar no futuro ou vender para as concessionárias e ganhar créditos nas contas de luz não só é uma tendência mundial como já é possível no Brasil desde 2012. “Esperamos que, em cinco anos, uma revolução de geração distribuída acontecerá no país, que deve, então, se tornar um dos maiores mercados do mundo nesse setor”, diz Lilian Alves.
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