Tecnologia

Empresas recorrem a universidades para lançar produtos

Pesquisa em universidade é alternativa para as empresas agregarem tecnologia em produtos e processos


	Testes para avaliação de adulteração de combustíveis nos postos necessitam de várias etapas, mas fotômetro criado na Unicamp apresenta o resultado em cerca de sete segundos
 (REUTERS/Mohamed Abd El Ghany)

Testes para avaliação de adulteração de combustíveis nos postos necessitam de várias etapas, mas fotômetro criado na Unicamp apresenta o resultado em cerca de sete segundos (REUTERS/Mohamed Abd El Ghany)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2013 às 11h51.

São Paulo – Inovações concebidas em universidades têm chegado com mais frequência ao mercado brasileiro. Essa é uma alternativa para as empresas agregarem tecnologia em produtos e processos como tem demonstrado o crescente aumento de licenciamentos de propriedade intelectual de universidades e a transformação desse conhecimento em produtos inovadores.

Um exemplo de tecnologia promissora que entrou no mercado no final de 2012 é um fotômetro analisador de combustível desenvolvido no Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e licenciado para a Tech Chrom, empresa gestada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da universidade (Incamp).

Enquanto os testes para avaliação de adulteração de combustíveis nos postos necessitam de várias etapas e de pessoas treinadas para examinar as informações, o fotômetro – que trabalha na região do infravermelho próximo – apresenta o resultado diretamente no visor do aparelho em cerca de sete segundos.

Além disso, o teste tradicional de gasolina necessita de 50 mililitros (ml) do combustível e o de etanol de 1 litro. Já o aparelho com o fotômetro funciona com apenas 5 ml de combustível inserido em um recipiente apropriado.

“Só é preciso informar se a análise é de etanol ou gasolina”, diz Ismael Pereira Chagas, que desenvolveu o protótipo do analisador de combustível durante o seu doutorado e atualmente trabalha como pesquisador na empresa.

Um aporte do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP, possibilitou que Chagas continuasse a pesquisa na Tech Chrom para que o protótipo se transformasse em um produto. “O desafio foi criar um equipamento pequeno e robusto que pudesse ser operado por qualquer pessoa”, diz Valter Matos, diretor da empresa.

O aparelho, chamado Xerloq, tem capacidade para armazenar na memória os resultados de até 98 análises. “Também foi desenvolvido um software para imprimir o resultado da análise do combustível para o cliente do posto”, diz Chagas.

Com o projeto do PIPE, a empresa conseguiu reduzir o preço de venda de R$ 6.800,00 para R$ 4.950,00. Até agora foram vendidos mais de 50 aparelhos para postos revendedores e distribuidoras de combustível. “Mas há um mercado em potencial para explorar, porque existem cerca de 39 mil postos espalhados pelo Brasil”, diz Matos.

O licenciamento de uma gordura com baixo teor de ácidos graxos saturados e isenta de ácidos graxos trans, desenvolvida na Faculdade de Engenharia de Alimentos em parceria com a Cargill Agrícola e utilizada como recheio de biscoitos e outras aplicações, garantiu à Unicamp uma arrecadação recorde de royalties de R$ 724 mil em 2011. As pesquisas que resultaram na nova gordura foram iniciadas na universidade ainda na década de 1990, mas somente em 2008 os resultados efetivos começaram a aparecer e chamaram a atenção da indústria.

Desde a sua criação em 2004 a Agência de Inovação Inova, da Unicamp, registrou uma curva de crescimento tanto no depósito de patentes como no licenciamento de tecnologias, um indicativo do interesse de empresas por inovações.

No ano passado foram depositadas 73 patentes, assinados 13 contratos de licenciamento e registrados 29 programas de computador, números recordes para um único ano desde a primeira patente da universidade, em 1984. No total, são 63 os licenciamentos vigentes.

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