Apesar da polêmica, o PLC 116 recebeu apoio das operadoras de telecomunicações, que eram impedidas de ter empresas de TV a cabo pelas regras antigas (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2011 às 09h03.
Brasília - Muita gente comemorou a sanção da nova lei de televisão por assinatura pela presidente Dilma Rousseff, na segunda-feira. Mas as novas regras, que, entre outros pontos, acabam com a restrição à participação do capital estrangeiro na TV a cabo, estão longe de ser unanimidade. Empresas se preparam para ir à Justiça contra a nova lei.
O presidente da Sky, Luiz Eduardo Baptista, afirmou que a empresa deve entrar com uma ação contra as cotas de programação nacional "nos próximos dias". "Vamos esgotar todos os meios possíveis", disse ele. "O próximo passo é a Justiça".
A legislação obriga que os canais tenham até três horas e meia de programação nacional e regional por semana, em horário nobre, de acordo com o que for definido pela Agência Nacional de Cinema (Ancine). Metade dessa programação deve vir de produtores independentes.
Um terço dos canais do pacote de programação terá de ser brasileiro. Nos canais brasileiros, um terço da produção precisa ser independente e dois canais devem ter 12 horas diárias de programas brasileiros independentes.
"Nunca ninguém ligou para a central de atendimento da Sky para reclamar que falta conteúdo brasileiro no horário nobre", disse Baptista. "Quando a conta dessas cotas for apresentada para os assinantes, vamos lembrar a eles, a cada momento, quem foi que apoiou esse projeto".
A Associação Brasileira de Programadores de Televisão por Assinatura (ABPTA), que reúne os canais internacionais de TV paga, também se opuseram às cotas quando na época em que o então chamado Projeto de Lei da Câmara (PLC) 116 estava em votação. Também no caso da ABPTA, o principal problema são as cotas. A associação informou que ainda analisa o texto sancionado.
A Rede Bandeirantes se opôs ao PLC 116, e preferiu não comentar a lei depois de aprovada. Mas, na segunda-feira, segundo o site Telesíntese, seu vice-presidente Frederico Nogueira anunciou que o grupo iria à Justiça.
A discordância da Bandeirantes, no entanto, é outra. A lei proíbe quem produz conteúdo de distribuí-lo. A Bandeirantes é dona da empresa de cabo TV Cidade. Para se adequar à lei, teria que vender o controle da operação.
Apesar da polêmica, o PLC 116 recebeu apoio das operadoras de telecomunicações, que eram impedidas de ter empresas de TV a cabo em sua área de concessão pelas regras antigas. Com a mudança, a Embratel, que pertence à mexicana América Móvil, poderá comprar a participação da Globo na Net e a espanhola Telefônica a da Abril na TVA.
Além disso, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) colocará à venda novas licenças de TV a cabo. Faz mais de uma década que a agência fez o último leilão de cabo.
Celular
Luiz Eduardo Baptista, da Sky, criticou a posição das operadoras celulares sobre a quarta geração da telefonia celular (4G). Elas brigaram por vários anos para ficar com a maior parte da faixa de 2,5 GHz, ocupada pelas empresas de MMDS (TV paga por micro-ondas), argumentando que o espectro usado atualmente ficará rapidamente congestionado.
Depois de terem conseguido o que queriam, começaram a defender o adiamento do leilão, previsto para abril de 2012. "Esse desfecho é previsível e melancólico", disse o presidente da Sky. "Todos os movimentos das operadoras são no sentido de evitar a concorrência. Isso acaba prejudicando o cidadão brasileiro".
No mês que vem, a Sky vai lançar seu serviço de banda larga sem fio em Brasília, usando a faixa do MMDS. "Estamos animados", disse Baptista. Segundo ele, ainda falta sair a homologação dos equipamentos pela Anatel. A Sky está instalando 80 antenas para cobrir a cidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.