Mobile World Congress (MWC), em Barcelona: comissário europeu para o mercado interno Thierry Breton faz discurso de abertura do maior encontro anual da indústria de telecomunicações (Josep LAGO/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 27 de fevereiro de 2023 às 17h23.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2023 às 17h24.
Os profissionais do setor de novas tecnologias prometeram, nesta segunda-feira, 27, em Barcelona, um "tsunami de inovação", durante o início do encontro anual mais importante da área, que ocorre sob perspectivas comerciais ruins para a indústria e ondas de demissão em massa.
"O ano passado não foi fácil", reconheceu o presidente-executivo do grupo Telefónica e presidente da Associação de Operadoras de Telecomunicação (GSMA), José María Álvarez-Pallete, na abertura dos debates deste grande encontro anual de novas tecnologias.
Segundo a GSMA, organizadora do evento, 80.000 profissionais e 2.000 empresas estarão presentes na Mobile World Congress (MWC), que terão os oito pavilhões totalmente ocupados pela primeira vez desde a pandemia.
"Acho que estamos na porta de uma era de mudanças" que irá precisar de uma "ruptura radical" diante das dificuldades que o setor enfrenta, acrescentou. Álvarez-Pallete assegurou estar, apesar de tudo, otimista sobre o futuro da indústria das telecomunicações, marcada por um "tsunami de inovação".
As vendas mundiais de "smartphones" chegaram a 1,2 bilhão de unidades em 2022, uma redução de 11,3%, que representa o "número mais baixo desde 2013", de acordo com a agência especializada IDC.
As perspectivas permanecem desfavoráveis para grande parte da industria. Segundo a consultora americana Gartner, é esperado que as vendas de celulares, tablets, e computadores caiam mais 4% neste ano.
"O setor atravessa um momento complicado", admitiu Thomas Husson, analista da Forrester, um fator irá "pesar" durante o MWC.
As causas deste panorama devem ser buscadas na guerra da Ucrânia, que disparou a inflação e reduziu o poder de compra.
Visitantes passam por estande da Nokia no Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, em 27 de fevereiro de 2023
Diante destas dificuldades, que se refletem na supressão de empregos em gigantes da tecnologia como Alphabet, Microsoft e Ericsson, o salão pretende, no entanto, dar destaque ao otimismo.
Segundo a GSMA, organizadora do evento, 80.000 profissionais e 2.000 empresas vão participar do MWC.
Esta assistência ainda está longe do recorde de visitantes em 2019, quando quase 110.000 pessoas compareceram, mas é um terço maior dos 60.000 visitantes da edição de 2022, afetada pela persistência das restrições pela covid-19.
"Estamos no caminho certo" de volta à normalidade, disse durante uma coletiva de imprensa John Hoffman, diretor-executivo da GSMA, que reúne cerca de 750 fabricantes e operadores de telecomunicações.
Para Hoffman, esta recuperação se deve à volta com força dos grupos chineses ao MWC, após a abertura, em dezembro, das fronteiras chinesas.
Visitante observa dispositivo no Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, em 27 de fevereiro de 2023
Entre as empresas presentes, destacam-se as gigantes da telefonia Nokia, Samsung, Xiaomi, Orange, Vodafone, além dos grandes nomes da "tecnologia" e da indústria, como Qualcomm, Airbus e Microsoft, seguindo a diretriz seguida há anos pela MWC para expandir seu público.
Principal empresa chinesa de telecomunicações, a Huawei será a maior expositora com uma área de 11.000 m2, que segundo a GSMA quebra o recorde da feira.
Esta é uma oportunidade para a grande empresa de equipamentos "feitos na China" mostrar sua "resistência às sanções dos Estados Unidos", que enfraqueceram muito o ramo telefônico, sem abalar sua "capacidade de inovação" dos serviços das empresas, destacou Thomas Husson.
Além de inovação, esta 17ª edição da feira permitirá que operadoras e companhias de tecnologia abordem a delicada questão do financiamento das infraestruturas, especialmente do 5G, que têm dedicado grandes quantias.
As operadoras pedem há tempos que gigantes da Internet como Netflix e Amazon, grandes consumidores de banda larga, ajudem a pagar pelo 5G. Entretanto, ambas empresas se opõem fortemente.
A situação não é "sustentável", insistiu nesta segunda-feira a diretora-geral do grupo Orange, Christel Heydemann, que saudou a iniciativa lançada na semana passada pela Comissão Europeia, que deseja uma "contribuição justa" destas grandes plataformas para financiar as infraestruturas das telecomunicações na União Europeia.
"Sei que alguns vão manifestar suas preocupações", mas o debate "está aberto a todos", ressaltou o comissário europeu para a Indústria, Thierry Breton.
O empresário afirmou querer uma "nova abordagem" e não uma "escolha binária entre quem atualmente fornece a rede e quem a enche de tráfego".