Tecnologia

Empresa francesa pode transformar trens voadores em realidade

O “Link & Fly” é a nova aeronave da Akka Technologies que pode ser vendida para a Boeing

 (De Volta para o Futuro Parte III/Universal Pictures/Reprodução)

(De Volta para o Futuro Parte III/Universal Pictures/Reprodução)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 11 de julho de 2018 às 15h34.

Parece algo que Q, o especialista em tecnologia dos filmes de James Bond, inventaria: um avião que pousa em uma pista, encolhe as asas, se transforma em trem e roda em trilhos para te deixar na estação local.

Essa é a ideia que um empreendedor francês que ganhou milhões conectando engenheiros a grupos industriais está tentando vender à Boeing, entre outras empresas. O “Link & Fly” é o novo design de aeronave da Akka Technologies, com asas destacáveis para acelerar a rotatividade nos aeroportos e tornar o embarque mais fácil, colocando-o mais perto das residências dos passageiros.

“Depois que os carros se tornarem elétricos e autônomos, a próxima grande inovação ocorrerá nos aviões”, disse o CEO da Akka, Maurice Ricci, em entrevista em Paris. A Boeing, que pretende reduzir a dependência em relação a empresas como Airbus e Renault na Europa, está entre os principais clientes-alvo da Akka.

Link-&-Fly-Akka-Technologies

(Akka Technologies/Divulgação)

Segundo o conceito futurista da Akka, os passageiros embarcariam em um tubo semelhante a um trem em uma estação de bairro e, por motivos de segurança, teriam as retinas digitalizadas durante o trajeto até o aeroporto. As asas, então, seriam anexadas à cápsula para a decolagem. A empresa apresentou a ideia em um vídeo de simulação em 3D e atraiu o interesse de possíveis clientes na Ásia, disse Ricci, sem citar nenhuma empresa.

Voos inovadores

As fabricantes de aviões começam a reagir em um momento em que as empresas de tecnologia estão tendo ideias inovadoras -- a Uber, por exemplo, investe em táxis voadores e a Kitty Hawk, uma startup financiada por Larry Page, cofundador do Google, está criando um avião movido a bateria para transportar uma única pessoa. A Airbus tomou a dianteira com uma nova divisão para administrar o transporte do futuro e a Boeing fez uma incursão barulhenta no ramo de jetpacks, ou mochilas a jato.

A Akka não pretende convencer uma fabricante de aviões a necessariamente construir todo o conceito “Link & Fly”, mas aposta que o design servirá de chamariz e de vitrine e que futuramente algumas partes acabarão nas aeronaves comerciais dos clientes.

No caso das fabricantes de aviões e das empresas que gravitam em torno delas, a Ásia, e especialmente a China, oferecem oportunidades para novos negócios. A construtora de aviões chinesa Comac está desenvolvendo sua própria frota e pode recorrer ao ecossistema aeronáutico europeu para parcerias de tecnologia.

A Akka, que tem um valor de mercado de 1,1 bilhão de euros (US$ 1,3 bilhão) e cujo maior acionista é a Ricci, emprega engenheiros que os clientes podem contratar como consultores para projetos. A empresa desenvolveu um conceito de carro autônomo em 2008 e em 2014 fez uma parceria com a Dassault Systèmes para oferecer serviços a fabricantes de automóveis.

As ações da empresa acumulam alta de 23 por cento neste ano, aumento muitas vezes superior ao de 1,8 por cento do índice CAC 40 Index e equivalente ao do SBF120 Index, mais amplo.

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