O CEO da Tesla, Elon Musk (Patrick Pleul/picture alliance/Getty Images)
Laura Pancini
Publicado em 28 de março de 2022 às 15h12.
Última atualização em 28 de março de 2022 às 15h28.
Elon Musk acaba de anunciar mais uma de suas "muskzices". O bilionário entrou no Twitter neste fim de semana para falar sobre a rede social e, quando questionado, disse que "pensa seriamente" em criar sua própria versão do Twitter.
O CEO da Tesla e SpaceX é bastante conhecido por fazer promessas que nunca são cumpridas e brincar com os seguidores na sua conta do Twitter. Às vezes, as duas se misturam e não fica claro se a publicação se trata de uma brincadeira ou um plano concreto.
É o que aconteceu no último fim de semana, quando o presidente executivo publicou uma série de tuítes na rede social do passarinho. A primeira foi uma enquete, questionando: "A liberdade de expressão é essencial para uma democracia funcional. Você acredita que o Twitter adere rigorosamente a esse princípio?".
Musk enfatizou que as pessoas precisavam pensar com cuidado antes de votar, porque as "consequências dos resultados" seriam importantes. 70% dos usuários responderam "não" e os outros 30% "sim".
Free speech is essential to a functioning democracy.
Do you believe Twitter rigorously adheres to this principle?
— Elon Musk (@elonmusk) March 25, 2022
Um usuário perguntou ao bilionário se ele, então, consideraria construir uma nova plataforma com algoritmo de código aberto, em que "a liberdade de expressão tenha prioridade máxima" e a "propaganda seja mínima". Musk respondeu: "Estou seriamente considerando fazer isso".
O debate sobre liberdade de expressão é complexo, especialmente nos Estados Unidos, onde o Twitter tem sede e, portanto, deve aderir às leis e normas do país. A rede social apagou publicações falsas sobre as eleições dos EUA, por exemplo, e suspende contas por desinformação sobre a covid-19.
Violar outras políticas do Twitter (como preconceito, assédio ou violência) leva ao banimento ou suspensão da conta e nunca foram aceitos pela plataforma. Em uma rede social alternativa, ou seja, sem monitoramento das falas dos usuários, o atrativo é poder falar o que quiser sem restrições.
Isso, por consequência, leva a proliferação do discurso de ódio, que já não se enquadra mais como liberdade de expressão. O caso do brasileiro Monark, apresentador do Flow Podcast que defendeu a criação de um partido nazista, pode vir à mente.
A ideia de Musk, inclusive, não é nova. O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentou lançar a própria rede social, deletou ela depois de cinco semanas por falta de engajamento e criou uma nova, conhecida como Truth Social. Tudo após o Twitter (seguido de Facebook e Google) ter banido o republicano por desinformação sobre as eleições.
Outro exemplo é o do Parler, que foi banido das lojas de aplicativos após a invasão do Capitólio. Semelhante ao Twitter, a plataforma se vendia como um aplicativo que "apoia a liberdade de expressão".
Na época, a EXAME vasculhou postagens da rede social e encontrou mensagens que destilam misoginia, xenofobia, racismo, anti-semitismo e, principalmente, ódio aos democratas americanos.