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Economista recomenda uso de redes sociais contra a inflação

Para Cornélia Nogueira, do Dieese, a população deve usar a internet para divulgar os locais onde podem ser encontrados os melhores preços de bens e serviços

Economista sugere uso da rede para denunciar abuso de preço e mudanças de embalagem (Vicente Luis Moncho Moncholi/EXAME.com)

Economista sugere uso da rede para denunciar abuso de preço e mudanças de embalagem (Vicente Luis Moncho Moncholi/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2011 às 15h06.

Brasília – Na guerra contra a inflação, a população deve lançar mão de armas como as redes sociais na internet, para divulgar os locais onde podem ser encontrados os melhores preços de bens e serviços, e denunciar abusos. A recomendação é da economista Cornélia Nogueira, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Cornélia discorda da avaliação da equipe econômica do governo, segundo a qual o pior já passou e a tendência agora é de queda nos preços. “Tenho a impressão que a coisa não está tão tranquila, não. No ano passado, nesta época, a inflação estava muito baixa. Neste ano, não vai ser fácil chegar aos patamares de maio e junho passados.” Para a economista, a curva no gráfico, que mostra a tendência nas taxas de inflação anualizada, ainda demorará um pouco mais para cair. Ela acredita que os combustíveis, considerados os vilões do momento, poderão ajudar a reduzir os índices de inflação, mas ressaltou que, por enquanto, os preços estão altos demais.

A população deve se proteger e pechinchar, o mais que puder, na hora de contratar qualquer tipo de serviço, aconselha. “É importante não aceitar o primeiro preço que é dado, pechinchar e questionar o porquê do aumento. Isso deve ser feito no cabeleireiro, na manicure e em vários lugares, sem ter vergonha de questionar.”

Para Cornélia, o trabalhador que almoça fora de casa , por exemplo, pode encontrar saídas como trocar de restaurante. Alimentação fora do domicílio foi um item que aumentou muito nos últimos 12 meses, com 13,4% ante uma inflação de quase a metade. Só este ano, lembrou a economista, esse item já aumentou 4,83% ante uma inflação de 3,44%. No caso da alimentação, pode-se trocar o restaurante habitual por outro com preços mais em conta. “Se eles [restaurantes] perdem freguesia, automaticamente diminuem o ritmo de aumento, pelo menos.”

No caso de compra de bens, porém, Cornélia diz que os consumidores encontram mais dificuldade, principalmente nas redes de supermercados e lojas de departamentos. “Lá, não existem descontos e não há com quem reclamar, a não ser com o bispo, não é?”, ironizou.


Recorrer às redes sociais na internet passa, então, a ser importante, porque elas servem para denunciar abusos de preço e até alguns artifícios, como redução no volume dentro de uma mesma embalagem de produto para induzir o consumidor a “pagar mais por menos”, o que, na prática, também é inflacionar, destaca a economista. “As pessoas podem usar as redes sociais na internet para denunciar abusos de preço, mudanças nas embalagens, sugerir marcas e produtos alternativos com preços menores.”

Por meio das redes sociais, os consumidores também podem indicar para outros consumidores as localidades que têm preços justos, bem como aqueles que têm preços abusivos, acrescenta Cornélia.

Sobre a manutenção do poder de compra dos salários, ela alerta que os trabalhadores precisam ser razoáveis na hora de tentar recompor o que foi perdido com a inflação. “Que seja palatável pelo menos. A inflação, para o assalariado, é uma coisa ruim, mas é preferível não ter tantos aumentos, com o salário indexado, e sim menos inflação.” Aumentar salário acima da inflação neste momento poderia significar mais consumo, devido à elevação do poder aquisitivo, e, no caso do funcionalismo, mais gastos públicos.

Cornélia Nogueira lembra que, na época da inflação alta, a população não tinha noção de valores e ficava impossibilitada de fazer qualquer tipo de planejamento de suas necessidades de consumo, de acordo com seus rendimentos e com o orçamento elaborado mensalmente. “No meio do caminho, as coisas aumentavam, a escola mandava um bilhetinho para o cidadão pagar mais não sei quanto. Tudo aumentava. Ninguém tinha noção de valor, do que era caro ou barato.” Até pesquisar preços era muito difícil, pois as mudanças eram rápidas até em um mesmo estabelecimento, lembra.

A economista do Dieese concorda com a decisão do governo, que estuda uma forma de reduzir a indexação da economia. “Os serviços estão indexados e a parte do salário, não. É uma bola de neve. Um indexa, o outro indexa. E isso aumenta tudo.”

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