Mina extrativista: locais remotos são os mais beneficiados por E-Houses, que reúnem equipamentos elétricos para a distribuição de eletricidade (iStockphoto)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2016 às 17h23.
Última atualização em 7 de julho de 2017 às 12h10.
Imagine toda a logística necessária para levar energia à mina de cobre Constancia, no Peru, a uma altitude de 4 300 metros e a cerca de 100 quilômetros de Cusco, a cidade mais próxima. Para evitar o deslocamento de uma grande equipe de engenheiros e técnicos para construir uma estrutura que abrigasse os equipamentos, a concessionária de energia Hudbay Minerals investiu nas chamadas E-Houses, mais conhecidas no Brasil como eletrocentros. As 12 salas pré-montadas no local reúnem os equipamentos elétricos e de automação para a distribuição de eletricidade em toda a região extrativista.
Grandes indústrias de geração de energia, extração mineral, exploração de petróleo e óleo e gás têm investido na tecnologia, que já está presente em mais de 20 países. O conceito chegou ao Brasil na década de 1970, mas começou a se popularizar recentemente, com a evolução dos equipamentos elétricos.
Diferentemente de subestações convencionais, feitas de alvenaria, a estrutura de uma E-House costuma ser de metal, como num contêiner, e é facilmente transportável por caminhão. Uma sala elétrica convencional precisa ser construída no local onde irá funcionar, mas há também a versão pré-fabricada, que pode ser enviada para a indústria já pronta.
Locais remotos são os mais beneficiados pela tecnologia, uma vez que a estrutura pronta reduz o trabalho em campo. Em áreas afastadas, nem sempre há profissionais qualificados para executar tarefas importantes, como a manutenção dos equipamentos. Além do fornecimento rápido e confiável de energia, há potencial de gerar uma economia de custos de até 20%, em comparação às estruturas convencionais.
Um dos benefícios é a possibilidade que a indústria tem de personalizar a E-House de acordo com suas necessidades. É possível, por exemplo, incluir diversos módulos na mesma estrutura para potencializar a distribuição de energia. “Por serem feitas sob encomenda, as E-Houses atendem a qualquer tipo e tamanho de salas elétricas”, diz Edgard Torres, professor do departamento de engenharia elétrica da PUC-Minas.
Veja este exemplo. O porto de águas profundas de Moçambique recebeu cinco E-Houses com equipamentos de distribuição de baixa e média tensão para energizar as minas de carvão na região montanhosa do Tete. O Corredor Logístico Integrado de Nacala investiu cerca de 115 milhões de euros nas soluções de energia elétrica. As salas foram importadas da Alemanha totalmente equipadas. Além disso, todas têm revestimentos especiais para resistir à poeira e ao ar salino da região.
Outra característica de destaque é a segurança que as E-Houses proporcionam. Os equipamentos são testados antes de sair da fábrica, o que reduz a possibilidade de problemas em campo. O maior controle durante a produção também diminui o risco de acidentes de trabalho. “É muito seguro porque nessas salas não fica ninguém. Elas são totalmente operadas a distância”, diz Torres.
A alternativa moderna às subestações de alvenaria foi pouco explorada no Brasil durante muito tempo, mas já dá sinais de que vai deslanchar. A indústria química Corbion, em Campos dos Goytacazes (RJ), por exemplo, recebeu recentemente sua primeira E-House no lugar da subestação convencional, que apresentou problemas técnicos. “A sociedade toda se beneficia com o uso de um equipamento mais tecnológico, que garante mais qualidade e segurança na fabricação, na instalação e na posterior operação e manutenção”, afirma Torres.
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