Tecnologia

E-books multimídia podem revolucionar a experiência de ler

Depois de anos reproduzindo o conteúdo dos livros em papel, os e-books começam a incorporar áudio, vídeo e animações interativas

A maioria dos e-books multimídia está disponível para o iPad, mas há também edições para e-readers da Amazon e da Barnes & Noble  (Reprodução)

A maioria dos e-books multimídia está disponível para o iPad, mas há também edições para e-readers da Amazon e da Barnes & Noble (Reprodução)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 23 de fevereiro de 2012 às 09h00.

São Paulo — Um dos livros de não ficção de maior sucesso nos Estados Unidos no ano passado foi Jacqueline Kennedy: Historic Conversations on Life with John F. Kennedy. O livro traz entrevistas com a esposa do presidente americano feitas em 1964, poucos meses depois de ele ter sido assassinado. Ele tem uma edição especial, vendida nas livrarias acompanhada por oito CDs de áudio com a íntegra das entrevistas. Custa 60 dólares.

Mas quem tiver um iPad pode obter o mesmo conteúdo – e mais alguns vídeos e fotos extras – na loja iBooks americana por 19,99 dólares. Essa versão para iPad do livro sobre os Kennedy (há também edições para Kindle Fire, Nook e outros e-readers) é um exemplo da nova geração de e-books estendidos, ou aperfeiçoados (em inglês, enhanced), que incorporam conteúdo multimídia.

O novo livro

Até agora, o que quase todos os e-books fizeram foi levar para a tela do e-reader ou do tablet as mesmas palavras e o mesmo layout dos livros em papel. Mas isso começa a mudar com o surgimento de obras que aproveitam melhor o potencial multimídia do tablet oferecendo vídeos, animações, fotos e mapas, além do texto. Algumas até permitem compartilhar conteúdo em redes sociais.

No Brasil, os exemplos ainda são poucos e concentram-se principalmente nas obras didáticas e infantis. Há livros que trazem a narração de um locutor, além do texto e das ilustrações (um exemplo é O Ovo Amarelinho da Galinha do Vizinho, da editora Aletria). Já na Europa e nos Estados Unidos, há enhanced e-books mais ambiciosos. 


Outro bom exemplo é Listen to Bob Marley, coleção de poemas e letras de canções do artista jamaicano que inclui músicas, fotos e um vídeo em que sua filha Cedella Marley fala sobre o pai. Há também links para comprar músicas de Marley, além da  possibilidade de compartilhar trechos do texto nas redes sociais.

Muhammad Ali, biografia do lutador de boxe escrita por Thomas Hauser, tem uma edição ampliada com vídeos, fotos e trechos de áudio. Há também obras de ficção contemporâneas, como uma edição multimídia de A Guerra dos Tronos, de George R. R. Martin. Nela, pode-se tocar no nome de um personagem para obter detalhes sobre ele. O livro também traz um mapa interativo e trechos de áudio.

Edições ampliadas

A nova geração dos e-books multimídia ainda está em sua infância. As editoras estão testando o mercado e avaliando em que situações vale a pena investir nessas edições ampliadas. Por enquanto, as tentativas mais bem sucedidas estão em áreas como culinária, história e biografias, além dos livros didáticos e infantis. 

Em geral, é viável produzir um livro desse tipo quando o autor ou a editora já possui bastante material multimídia que pode ser incorporado, como no caso do livro sobre Jacqueline Kennedy. Já a produção desse conteúdo especialmente para o livro só tem se mostrado economicamente interessante no caso de obras de grande tiragem, como os livros didáticos. 


CD-ROM x App

Essa nova onda dos e-books lembra bastante a febre do CD-ROM multimídia nos anos 90. A ideia é basicamente a mesma, ou seja entregar áudio, vídeo, textos, fotos e experiências interativas ao consumidor. O modelo de negócios, baseado na venda do conteúdo, também é parecido. Mas há diferenças que tornam a safra atual muito mais interessante, e, espera-se, menos passageira.

Para começar, os tablets são muito mais adequados para esse tipo de conteúdo que os PCs dos anos 90. A tela sensível ao toque torna a interação com os livros mais natural e a portabilidade do tablet permite transportá-los facilmente. Além disso, a venda dos livros por download possibilita distribui-los a mais consumidores e por preços mais baixos do que era possível com os CDs. E, com o acesso à internet (que não estava disponível no início dos anos 90), fica fácil complementar e atualizar a obra com conteúdo online a qualquer momento. 

A Apple tem procurado estimular esse tipo de publicação especialmente na área didática, um mercado em que ela é forte nos Estados Unidos e em outros países. No vídeo abaixo (em inglês), sobre o uso do iPad na educação, uma das obras exibidas é E.O. Wilson's Life on Earth, um livro de biologia carregado de animações, vídeos e fotos. Uma amostra dele pode ser baixada gratuitamente na loja iTunes brasileira.

https://youtube.com/watch?v=5VoMb_acFdw%3Frel%3D0

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