rainha elizabeth (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de novembro de 2013 às 10h18.
Milhares de documentos capazes de comprometer o governo de Sua Majestade foram destruídos durante a onda de independência do Império Britânico nos anos 1950-1960, especialmente em Malásia, Quênia e Jamaica, confirmam arquivos oficiais divulgados nesta sexta-feira (29), em Londres.
A retirada da condição sigilosa dos documentos da administração colonial revela a amplitude da chamada "Operação Herança", destinada a eliminar os relatórios comprometedores dos serviços secretos ou da polícia.
As ordens oficias durante a independência do Quênia, em 1962, tinham como objetivo quatro tipos de documentos: os "suscetíveis de comprometer o governo de Sua Majestade e a outros governos", assim como à "polícia, o exército, os funcionários e outras pessoas, entre elas os informantes".
Incluíam também os documentos que "incriminaram os serviços secretos e que poderiam ser utilizados de forma contrária à ética por ministros de governo que asseguraram a sucessão".
Alguns documentos foram levados para o Reino Unido para serem destruídos lá, mas muitos foram eliminados nos lugares em questão, sendo queimados ou jogados ao mar. Alguns, por outro lado, conseguiram escapar do processo de limpeza.
A descoberta em junho passado do conteúdo de caixas esquecidas pelo Foreign Office contribuiu, por exemplo, para a indenização de milhares de quenianos, quase 60 anos depois da repressão dos Mau Mau, um capítulo especialmente obscuro da história colonial britânica e que resultou em milhares de mortes no Quênia, então colônia, entre 1952 e 1960.
"O Governo reconhece que submeteu os quenianos a torturas e outras formas de maus-tratos quando estavam em mãos da administração da colônia", admitiu então o chefe da diplomacia britânica, William Hague.