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Diante de críticas, Londres defende detenção de brasileiro

Londres - A polícia britânica defendeu sua decisão de interrogar em um aeroporto de Londres durante quase nove horas, com base na lei antiterrorista, o brasileiro...

David Miranda (REUTERS/Ricardo Moraes)

David Miranda (REUTERS/Ricardo Moraes)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h26.

Londres - A polícia britânica defendeu sua decisão de interrogar em um aeroporto de Londres durante quase nove horas, com base na lei antiterrorista, o brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista do "The Guardian" Glenn Greenwald, que revelou ao mundo o programa de espionagem em massa da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana.

Diante das críticas das associações de jornalistas, de organizações civis e do pedido do opositor Partido Trabalhista para que a lei antiterrorista seja revista, a Scotland Yard defendeu a aplicação da medida no caso de Miranda.

"Nossa avaliação é que a aplicação desses poderes neste caso foi válida legalmente e processual", disse a polícia. A Scotland Yard também afirmou que um advogado esteve presente durante o interrogatório de Miranda.

A Casa Branca admitiu que foi informada previamente de que David Miranda seria detido, mas assegurou que a medida não foi uma exigência das autoridades americanas ao governo britânico.

Londres argumentou que a decisão de deter e interrogar um cidadão brasileiro em virtude da lei antiterrorista é responsabilidade unicamente da polícia.

O governo brasileiro emitiu nota classificando a detenção sem acusações de Miranda de "injustificável". Um porta-voz da chancelaria britânica confirmou nesta terça-feira que o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, conversou ontem por telefone sobre o caso com o chanceler Antonio Patriota, mas não deu maiores detalhes.

"Acertaram que as autoridades brasileiras e britânicas permanecerão em contato sobre este assunto", foi o sucinto comentário oficial do Reino Unido, que voltou a reiterar que este tema compete à polícia metropolitana de Londres.

O diretor do "The Guardian", Alan Rusbridge, afirmou hoje que as autoridades britânicas o obrigaram há um mês a destruir cópias do material confidencial entregue pelo ex-prestador de serviços da CIA Edward Snowden a Greenwald, caso contrário teria que enfrentar um processo.

Na opinião de Rusbridge, o ocorrido demonstra que "a ameaça contra o jornalismo é real e está crescendo". Greenwald manifestou a mesma opinião e prometeu seguir publicando os documentos de Snowden.

A detenção neste domingo de Miranda provocou uma intensa polêmica no Reino Unido, críticas das associações de jornalistas e um problema diplomático com o Brasil.

O companheiro de Greenwald foi retido no aeroporto londrino de Heathrow por seis agentes britânicos durante pouco menos de nove horas, o máximo que permite a lei antiterrorista sem a necessidade da apresentação de acusações.

Segundo o próprio Miranda relatou, foram confiscados seus dispositivos eletrônicos, como seu computador, celular e cartões de memória.

David Miranda vive no Rio de Janeiro com o repórter Glenn Greenwald, que desde junho vem divulgando milhares de documentos vazados por Edward Snowden sobre a espionagem global de comunicações privadas realizadas pelos Estados Unidos.

Após recolher em Berlim arquivos entregues pela documentalista e cineasta Laura Poitras, colaboradora de Greenwald no caso Snowden, Miranda se encaminhava ao Rio com escala em Londres.

Sua detenção estaria relacionada com o transporte desses documentos, dos quais David Miranda não tinha conhecimento, de acordo com suas declarações.

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