Tecnologia

Derrubado nos EUA, WikiLeaks recorre a endereço suíço

Os usuários estão sendo desviados para o site http://www.wikileaks.ch

Julian Assange, fundador do WikiLeaks, disse que já esperava perseguições (Reprodução)

Julian Assange, fundador do WikiLeaks, disse que já esperava perseguições (Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2010 às 20h39.

Paris - O WikiLeaks está direcionando seus leitores para um endereço de Internet na Suíça, depois de ser tirado do ar por dois provedores norte-americanos em dois dias, e de a França ter tentado proibir servidores do país de abrigarem as informações sigilosas do site.

Os usuários estão sendo desviados para o site http://www.wikileaks.ch, depois de o wikileaks.org, que havia publicado comunicações diplomáticas secretas dos EUA, ter ficado cerca de seis horas fora do ar.

Os sites http://www.wikileaks.nl (da Holanda) e http://www.wikileaks.de (da Alemanha) também estão permitindo acesso aos documentos vazados.

A empresa EveryDNS.net, que ajuda os computadores a localizarem os sites de seus membros, disse ter parado de prestar serviços ao WikiLeaks à 1h de sexta-feira (hora de Brasília).

O WikiLeaks estava usando a EveryDNS e servidores da Europa depois que a Amazon.com, que era o provedor original, tirou o site do ar, na quinta-feira.

A EveryDNS.net disse que tirou o site do ar porque ele estava sendo bombardeado por hackers, e que isso prejudicava outros clientes da empresa.

O governo dos EUA está furioso com o vazamento de mais de 250 mil comunicações sigilosas do Departamento de Estado pelo WikiLeaks, que revelam as engrenagens da diplomacia norte-americana e causaram constrangimentos a Washington, por conterem avaliações brutalmente francas de diplomatas a respeito de aliados e rivais do país.

A Amazon negou que tenha tirado o site do ar por pressão de políticos. Alegou que o WikiLeaks violou os termos do serviço por não ser o detentor dos direitos do conteúdo publicado. Mas, na terça-feira, o senador Joe Lieberman, presidente da Comissão de Segurança Doméstica do Senado, havia questionado a Amazon por sua ligação com o WikiLeaks, e pedido que outras empresas que hospedam sites boicotassem o WikiLeaks.

Para manter um site no ar, o WikiLeaks precisa basicamente de três coisas: servidores que contenham ("hospedem") o conteúdo; um "registro" que lhe confira a posse de um endereço específico (como, por exemplo, wikileaks.ch, ou wikileaks.org); e um provedor como o EveryDNS, que faça a ligação entre o endereço digitado pelo usuário e o site propriamente dito.

Na sexta-feira, o Partido Pirata da Suíça - parte de um movimento internacional que luta pelo livre compartilhamento de conteúdo online - disse ser o dono do endereço wikileaks.ch, e que estava satisfeito em dar apoio ao site "dedo-duro".

Também na sexta-feira, a Reuters teve acesso a uma carta em que o ministro francês da Indústria, Eric Besson, dizia que tentaria fazer com que o WikiLeaks não tivesse mais um hospedeiro na França.

Em conversa pela Internet com leitores do jornal britânico Guardian, Julian Assange, fundador do WikiLeaks, disse que já esperava perseguições, mesmo em países que costumam se arvorar na defesa da liberdade de expressão.

"Desde 2007 temos deliberadamente colocado alguns dos nossos servidores em jurisdições que suspeitamos sofrerem de um déficit de liberdade de expressão, a fim de separar a retórica da realidade. A Amazon foi um desses casos", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:AmazonComércioEmpresasEmpresas americanasEmpresas de internetInternetlojas-onlineWikiLeaks

Mais de Tecnologia

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes