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Demanda do Japão por serviços de streaming já afeta a cotação do iene

Com um “déficit digital”, o país se tornou mais dependente de tecnologia estrangeira, principalmente de serviços como Netflix e Amazon

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 24 de maio de 2023 às 17h34.

Última atualização em 24 de maio de 2023 às 17h49.

Um fluxo crescente de fundos japoneses no exterior para pagar por serviços como streaming de vídeo e música tem influenciado a cotação do iene, de acordo com o Barclays.

O chamado “déficit digital” do Japão, decorrente de pagamentos a empresas de tecnologia estrangeiras como Netflix e Amazon, aumentou em relação ao comércio e viagens no saldo da conta-corrente do país, e o crescimento contínuo vai pressionar a moeda local, escreveram os estrategistas Lhamsuren Sharavdemberel e Shinichiro Kadota em nota na quinta-feira. O valor atingiu 4,8 trilhões de ienes (US$ 34,7 bilhões) no ano passado, equivalente a quase 90% do déficit da conta de serviços do Japão, disseram.

A crescente demanda por entretenimento doméstico durante a pandemia se mantém no país do leste asiático, com empresas como Netflix, Amazon e Walt Disney como as principais beneficiárias, de acordo com o relatório. Esse crescimento sugere que as despesas para essas companhias e similares devem aumentar, mesmo que sua participação de mercado permaneça inalterada, disseram os estrategistas.

A Netflix lançou um aumento significativo em conteúdo japonês em 2021, incluindo animes, ação e filmes de animação.

“Esse déficit digital parece refletir uma mudança estrutural no comportamento de consumidores e empresas, indicando que vai persistir”, escreveu a equipe do Barclays. “Isso implica uma maior pressão de venda sobre o iene.”

O iene vai mal

O iene está na rota para mais uma vez fechar o ano como a moeda com o segundo pior desempenho no Grupo dos dez neste ano, com queda superior a 5% em relação ao dólar, em meio à expectativa de que o Banco do Japão antecipe um ajuste de sua política monetária ultrafrouxa. A moeda japonesa caiu para uma mínima de três décadas no ano passado, diante do peso de um déficit comercial significativo e do maior diferencial das taxas de juro com os EUA.

Ainda assim, embora o déficit de serviços deva pressionar o iene, os estrategistas do Barclays esperam que o maior número de turistas recebidos pelo Japão compense o fraco desempenho neste ano. Juntamente com uma combinação de preços mais baixos de commodities e expectativa de que o BOJ ajuste a política monetária, a taxa dólar-iene pode cair para 123 no primeiro trimestre de 2024, disseram.

“O déficit digital é um fator estrutural de venda do iene, mas a melhoria da conta de viagens provavelmente terá um impacto maior em 2023”, avaliam.

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