caca (Morguefile.com)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2013 às 13h38.
Washington - O estremecimento das relações entre Brasil e Estados Unidos, que levou o governo brasileiro a adiar uma visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, afeta também um eventual acordo sobre venda de caças, disse nesta sexta-feira em Washington uma executiva da Boeing.
"Esperávamos que a visita (de Dilma) enviasse um sinal de que Brasil e Estados Unidos queriam um tipo de associação estratégica" para que o governo brasileiro se decidisse pelos aviões da Boeing, disse Donna Hrinak, presidente da filial brasileira da Boeing.
A Boeing é uma das concorrentes a uma licitação lançada no mandato do então presidente Lula para a compra de 36 caças com o objetivo de renovar a frota nacional.
Mas, devido a restrições orçamentárias, a compra foi adiada sem um prazo definido.
"O adiamento da visita (de Dilma) significa que qualquer progresso em relação a este tema também foi adiado", disse Hrinak, uma diplomata de formação que já ocupou o posto de embaixadora dos Estados Unidos no Brasil.
A compra dos caças, avaliada em 5 bilhões de dólares. O avião de combate Boeing F/A-18 Super Hornet, da Boeing, concorre com o Rafale, da francesa Dassault, e com o Gripen NG, da sueca Saab.
Inicialmente, o governo de Lula indicou que estava preparado para assinar os contratos com a Dassault, mas a chegada de Rousseff ao governo em 2010 parece ter retirado a operação de compra da lista de prioridades.
Nos últimos dois anos o governo brasileiro levou muitos a acreditarem que estava mais inclinado a aceitar a oferta da Boeing, principalmente depois de a gigante aeronáutica ter aceitado uma transferência de tecnologia básica das aeronaves.
O Brasil está interessado na compra dos caças, mas ainda quer ter acesso à tecnologia de desenvolvimento e construção dos aviões, incluindo os programas de computador e os detalhes de navegação e radar, algo que comprometia um acordo com a Boeing.
Fontes em Brasília haviam sugerido que a presidente queria resolver esta questão ainda em 2013.
Hrinak disse nesta sexta que entende os motivos por trás da decisão de Rousseff de adiar sua visita de Estado a Washington (o escândalo de espionagem de autoridades brasileiras pela inteligência americana), mas considerou que o caso não deve comprometer um eventual acordo.
"Independentemente do quão justificada for a indignação brasileira, isso não deve fazer que sejam ignorados os benefícios que podem sair desta associação", disse Hrinak durante um seminário sobre a economia brasileira.